u A implantação de uma fábrica de chocolate no Pará por empresários italianos é uma questão de meses. Ao menos se depender dos próprios empresários, que, em reunião com a governadora Ana Júlia Carepa, demonstraram interesse < ?XML:NAMESPACE PREFIX = ST1 />em investir no Estado. Na reunião com a governadora, o empresário Francesco Carepelli disse que a ideia é produzir um chocolate de altíssima qualidade. ‘Em dois meses, após termos todas as análises e prospecções, teremos novas reuniões, talvez já para tratar da implantação da fábrica’, disse o executivo durante o encontro com a governadora.

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Outros dois membros da comitiva italiana viajaram a Cametá, para conhecer o cacau de várzea. O diretor administrativo Mauro Falcioni e o expert em chocolate e cultivo de cacau Silvio Bessone viajaram com técnicos do governo do Estado. Em Cametá, o grupo seguiu numa voadora até a comunidade de Tamanduá, ilha onde trinta famílias cultivam cacau de várzea.

Ainda no atracadouro da comunidade, o grupo conheceu a produção local. O especialista Silvio Bessone provou as amêndoas, comparou os tamanhos, abriu com um canivete e sentiu o odor, o sabor e o teor de acidez. Afirmou que era um bom cacau. O diferencial do cacau de várzea é que ele nasce de forma espontânea na ilha, e floresce num terreno alagado sazonalmente, durante as cheias, pelas águas do rio Tocantins.

A empresa italiana Carapelli quer investir num chocolate diferenciado, um nicho de mercado de luxo, e que tenha como principal foco de marketing o cacau amazônico. O fato de Silvio Bessone ter aprovado o cacau de Cametá pode ser decisivo para a implantação da fábrica no Pará.

Há, em Cametá, cerca de quatrocentas famílias produzindo cacau de várzea. Alguns produtores colhem até 15 toneladas/ano. Somando a produção de outros municípios, produz-se anualmente cerca de 1.500 toneladas anuais de cacau de várzea. Quase toda a produção é vendida para empresas da Bahia, onde o quilo da amêndoa hoje vale R$ 5,50.

Os empresários italianos já tinham visitado o município de Medicilândia, que concentra cerca de 65% de todo o cacau paraense. O grupo visitou ainda Tomé-Açu, onde Bessone também elogiou a qualidade do cacau.

Para Helmut Heiss, que incentiva o cacau orgânico e reúne 150 produtores em 15 cooperativas, o que falta ao cacau paraense é uma cadeia: ‘Uma fábrica de cacau representaria uma revolução para os produtores’, afirmou Helmut.