Com atividade preponderante na área dos negócios entre a Itália e o Brasil, o ítalo-catarinense Oscar Lenzi é candidato à função de Consultor da PAT – Província Autônoma de Trento para a área de Santa Catarina e Paraná. Concorrendo com o advogado Andrey Taffner, ele aguarda o pronunciamento das autoridades trentinas, assim como outros candidatos inscritos nas outras duas áreas em que o Brasil foi dividido: o Rio Grande do Sul, e os demais Estados (de São Paulo para cima). A decisão deverá ocorrer na primeira quinzena de maio.
Em entrevista exclusiva a Insieme, ele diz que colocou seu nome à disposição em função da experiência e trânsito que tem no setor, já que há anos se encontra à testa de iniciativas empresariais italianas, mais especificamente de origem e interesse genuinamente trentinos. Sua ligação maior é com a Trentino Export. Lenzi é da mesma região de seu concorrente: Rio dos Cedros, no Vale do Itajaí, onde reside atualmente, embora esteja sempre em atividade e viajando entre os Estados do Sul do Brasil, incluindo São Paulo. Segundo já informamos, outros candidatos até aqui conhecidos são Elisette Bertollo, no Rio Grande do Sul, e Marco Boccadoro, residente em Recife, para a região Norte.
Embora a função não seja remunerada, a escolha dos consultores da PAT sempre tem despertado grande interesse e movimentação no seio da comunidade trentina, ao contrário de outras regiões da Itália, onde a escolha geralmente ocorre ‘intra muros’ e sem o envolvimento da comunidade. Devido ao tempo em que o cargo ficou vacante desde a última nomeação, o mandato será mais curto e coincide com a legislatura, isto é, irá até 2023.
“Criar uma interface entre a Província Autônoma de Trento e a comunidade local”, esta é a tarefa geral e permanente de um consultor, segundo resume Lenzi, ao observar que está na jurisdição consular de Santa Catarina e Paraná “a maior comunidade trentina fora do Trento”. Na entrevista ele historia sua trajetória no seio da comunidade trentina, seja no âmbito das associações e círculos, seja no setor empresarial. “Introduzimos mais de vinte empresas trentinas no Brasil”, afirma ele.
O ponto que chama de base de sua candidatura é, segundo Lenzi, “mostrar para o governo de Trento que a comunidade trentina no Brasil é uma riqueza, não um problema; um recurso em termos de mercado e também em termos de cultura”, já que a economia do Brasil está entre as dez mais fortes do mundo e continua a crescer, superando obstáculos de caráter político ou sanitário, como ocorre hoje com a pandemia. Nesse contexto, segundo Lenzi, a comunidade trentina tem um peso importante e isso “é uma grande oportunidade para a criação de maior interação benéfica para os dois lados: o Trento e o Brasil”.
Em sua entrevista, Lenzi fala na criação de “uma ponte” entre o Trento e o Brasil, não só na área da cultura, das tradições e do folclore, mas de “troca de informações empresariais e no campo tecnológico, uma área fundamental para tudo o que se movimenta no mundo”. Trento, segundo ele, possui ótimas universidades; as indústrias são modernas e desenvolvem produtos cada vez mais sofisticados, enquanto o Brasil “é um grande mercado e muitas vezes necessita de tecnologias, máquinas e componentes para a melhoria de seus produtos”. Trata-se, conforme ele diz em dialeto trentino, de “unir a fome com a vontade de comer”.
Um desses projetos referidos por Lenzi está no campo habitacional. Com a participação da Federação das Indústrias de Santa Catarina e da Furb – Universidade de Blumenau e outras entidades, uma residência nos padrões da Habitech (um Distrito Tecnológico Trentino, com sede em Rovereto) está instalada em Blumenau para servir de modelo no desenvolvimento de novos projetos auto-sustentáveis, econômicos e com o conforto de uma tecnologia que não existe no Brasil.