Dizendo-se muito confiante e otimista, mas pedindo “um pouco de paciência” porque a primeira Lei Orçamentária, que definirá os recursos com os quais poderá contar, acontecerá somente em outubro, o recém-empossado “sottosegretario agli esteri”, do Ministério das Relações Internacionais e da Cooperação Internacional, Ricardo Merlo, tem nesta terça-feira o primeiro encontro com cônsul da Itália em Porto Alegre, Nicola Occhipinti, convidado para a chefia de seu gabinete, em Roma. “Terça-feira próxima, Occhipinti estará aqui no meu escritório”, disse Merlo em entrevista exclusiva a Insieme, no final da semana que passou.
O senador pelo Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ disse que, depois de ter feito oposição (“battaglia”) por tantos anos, não poderia dizer não ao convite que lhe foi feito pelo novo governo, em cujo “contratto” estão previstas, pela primeira vez, ações em benefício dos italianos no exterior e, entre outras coisas, o reforço da estrutura consular – um dos temas mais criticados pelo Maie ao longo de sua história.
Merlo, entretanto, não foi claro ao ser questionado sobre se continuará a defender a extinção da “taxa da cidadania”, que é cobrada sobre cada processo de reconhecimento do direito de sangue sobre descendentes de imigrantes italianos desde meados de 2014 e que ele considera inconstitucional: “Nós fomos contra essa taxa da cidadania que até aqui não resolveu absolutamente nada. Agora veremos quais são os passos para fazer as coisas mais eficientemente e encontrar os recursos para poder realizar as políticas para os italianos no exterior”, disse ele a Insieme.
Sobre o apoio que tem do senador Adriano Cario, também da América do Sul, e sobre quem pesam denúncias de fraude eleitoral (o ex-candidato ao Senado Fabio Porta o está processando na Itália e na Argentina) Merlo fez questão de deixar claro que Cario aderiu ao grupo do Maie no Senado, mas não é um inscrito no Maie. “Fica claro que Cario não faz parte do Maie”, afirmou Merlo. Confira a entrevista:
Antes – segundo criticou diversas vezes – estava em Roma alguém que sobre os italianos no mundo tinha pouco ou nenhum conhecimento. Agora está ali um italiano do exterior, O que muda?
O que muda? Muda que será a primeira experiência que o subsecretário com a delegação para os italianos no exterior é um eleito no exterior e que viveu todos os problemas reais que enfrentam os italianos que vivem além-fronteiras. Portanto, isto me parece já um sinal de mudança muito importante, além de que no “Contrato de Governo”, no item 10, se fala especificamente dos italianos no exterior e também da rede consular. Isso nós nunca vimos em governos anteriores e, para mim, é a primeira vez.
Para aceitar este novo cargo colocou algumas premissas sobre trabalho a ser desenvolvido, isto é, a luta do Maie para o reforço consular, o fim das filas de cidadania, mais recursos para a língua e cultura?
Aceitei porque depois de fazer tantos anos de batalha não se pode dizer não. No sentido de que agora estamos no lugar onde se verificará se podemos mudar as coisas e o quanto poderemos mudar. Portanto, estamos muito confiantes e otimistas e pedimos um pouco de paciência porque a primeira Lei Orçamentária acontecerá só em outubro e vamos ver como haveremos de obter mais recursos para as políticas dos italianos no exterior.
Sendo alguém que nasceu politicamente no meio associacionista, como pretende trabalhar com as comiunidades?
Terei menos tempo de viajar e de fazer visitas, mas eu procurarei sempre estar próximo do associativismo de voluntariado, das comunidades italianas, dos italianos no exterior, para continuar a entendê-los e para procurar resolver, agora fazendo parte do governo, os problemas reais que os italianos enfrentam todos os dias.
Em meio a tudo o que há por fazer, quais serão suas prioridades imediatas. Haverá recursos para fazê-las?
As prioridades são: rede consular, cidadania, colocar fim à discriminação contra as mulheres no que diz respeito à transmissão da cidadania, enfim, todos os projetos e propostas sobre os quais trabalhamos ao longo de todos esses anos e que agora veremos se, estando no governo, podemos, enfim, transformá-las em realidade.
Combateu a “taxa de cidadania” até onde pode, considerando-a inconstitucional. Pretende (e como) eliminá-la?
Nós fomos contra essa taxa da cidadania que até aqui não resolveu absolutamente nada. Agora veremos quais são os passos para fazer as coisas mais eficientemente e encontrar os recursos para poder realizar as políticas para os italianos no exterior.
Como se deve entender as razões da escolha de Nicola Occhipinti como chefe de seu gabinete?
O fato que o cônsul Occhipinti seja o chefe de minha secretaria é também um sinal, porque todos conhecem o trabalho que ele desenvolveu, principalmente no que diz respeito às filas e à atenção consular. Além disso, eu o conheço há muito tempo e me parece que foi uma escolha que dá um sinal claro de como eu imagino trabalhar neste novo governo da república italiana. Terça-feira próxima, Occhipinti estará aqui no meu escritório.
Vimos que o Maie tem novas adesões. Adriano Cario, eleito pela Usei e contra quem pesam denúncias de fraude eleitoral, agora também faz parte do Maie?
Cario não faz parte do Maie, não está inscrito no Maie. Ele aderiu ao grupo do Maie no Senado e nós aceitamos porque ter mais parlamentares nos dá mais força. Seguramente outros virão, também, seja no Senado como na Câmara. Na Câmara somos em seis na componente Maie, mas nem todos estão inscritos no Maie, entendeu? Assim fica claro que Cario não faz parte do Maie.