Cidadania: Tajani volta a anunciar proposta para reforma “abrangente” da lei da cidadania italiana

O ministro das Relações Exteriores e vice-premiê Antonio Tajani voltou ontem (16/09O) a anunciar que seu partido – o Forza Italia – apresentará no Parlamento uma proposta para uma reforma “abrangente” da lei da cidadania italiana. Tajani voltou a falar na introdução do ius scholae e naqueles ítalo-descendentes “que não merecem a cidadania italiana” porque não falam o italiano.

Ele foi entrevistado no programa televisivo “L’aria che tira” sobre o rumoroso caso “Open Arms” envolvendo um processo contra o líder da Lega – Matteo Salvini – em que são pedidos seis anos de cadeia para o então ministro do Interior à época do governo Giuseppe Conte. A conversa derivou para a questão dos imigrantes e a entrevista acabou com foco sobre a concessão de cidadania italiana aos filhos de imigrantes, objeto de recente debate no Parlamento no bojo de um projeto sobre segurança.

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Tajani saiu em defesa de Salvini, dizendo: “Eu posso até às vezes não usar os mesmos tons que a Lega usa sobre a imigração. Às vezes temos visões diferentes – não somos um partido único – sobre o modo de integrar os estrangeiros em nosso País… Mas acredito que exista, de verdade, um exagero por parte desses magistrados no pedido de seis anos de cadeia (a Salvini)”.

Na sequência, anunciou que “faremos uma proposta de lei que submeteremos antes a nossos aliados primeiro de apresentá-la no Parlamento para uma revisão abrangente da cidadania”. Segundo o ministro Tajani, essa revisão seria necessária porque “nós concedemos (sic) com grande facilidade e de maniera automática a cidadania a quem tem um antepassado de 7.ª geração”, explicando que “muitos vêm à Itália, vão nos consulados e embaixadas italianas pedir o passaporte mas não falam italiano e pretendem que nos dirijamos a eles na língua do país deles e não em italiano”. Essas pessoas – enfatizou – “são pessoas que não merecem o passaporte italiano” e  “nós faremos a nossa proposta”

Numa justificativa ao recente voto de seu partido rejeitando a proposta de Carlo Calenda (semelhante à de Forza Italia), Tajani referiu-se  aos “truques”,  “jeitinhos”, e às “emendas de três linhas dentro de um decreto sobre segurança que não tem nada a ver com isso”.  “Falamos – disse ele – de direitos das pessoas. E o direito vem antes do Estado e vem primeiro de qualquer lei”.

O condutor do programa convidou-o, então, a sentar-se à mesa com os demais partidos para juntos escrever uma proposta de lei no mesmo sento. Tajani disse “Não”, e justificou: “Nós faremos a nossa proposta. Não existem jogadas. São jogos. Eu sou do centro-direita. Forza Italia é de centro-direita. E nós queremos que o centro-direita seja um centro-direita moderno, não obscurantista um centro-direita que resolve o problema de meio milhão de pessoas que vivem em nosso território.

Anteriormente, o ministro Tajani falava que este “maior rigor” no reconhecimento da cidadania italiana a ítalo-descendentes deveria ser aplicado principalmente aos latinoamericanos. Na condição de ministro do Exterior, Tajani tem sob seu controle toda a rede consular e embaixadas italianas que, pelo menos na América Latina, há muito vêm empregando práticas procrastinatórias diante das filas da cidadania.