O candidato Walter Fanganiello Maierovitch e a questão Lula na Câmara dos Deputados italiana. (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

“Declaro, sob compromisso de honra, nunca haver me filiado a partidos políticos no Brasil. Nunca foi político e por ser progressista, democrático, republicano, católico, e humanista, falham os que tentam me rotular como comunista radical”, declara o desembargador aposentado Walter Fanganiello Maierovitch, candidato a deputado no Parlamento italiano nestas eleições, em nota dirigida “à comunidade italiana e aos meus eleitores”.

Fanganiello anuncia que, passadas as eleições, tomará “as medidas judiciais cabíveis contra o candidato Antonio Laspro”, também candidato a deputado, “por propalar a condição de comunista que comunista que eu não sou” e, também “em relação ao candidato Pasquale Mattafora, que se apresenta como co-fundador e membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais Giovanni Falcone (IBGF)”. Mattafora é funcionário licenciado da Embaixada da Itália no Brasil e candidato a deputado pelo PD – Partido Democratico.

PATROCINANDO SUA LEITURA

Candidato pela coligação “Liberi e Uguali”, presidida pelo ex-presidente do Senado italiano Pietro Grasso, Fanganiello informa à parte que em toda sua vida profissional sempre usou seu nome italiano e que, portanto, não procedem as insinuações segundo as quais “virou italiano só agora nas eleições”. Ele faz dobradinha com a candidata ao Senado, Silvana Rizzioli, que vive em Minas Gerais.

Na nota, Fanganiello assegura que “’Liberi e Uguali’ não se intromete em questões soberanas do Brasil” e que, portanto, “não é verdade que esteja ao lado do ex-presidente Lula e que tenha feito críticas à Justiça brasileira”. Sua coligação, acentua, “não toma e nem tomará partido sobre a questão Lula referida”.

Esse problema tem a ver com um debate recente, promovido na Câmara dos Deputados italiana, sob proposta e presidência de Fabio Porta (PD), em defesa dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, em que o jurista italiano Luigi Ferrajoli, “contratado para emitir pareceres”, levantou diversas dúvidas sobre os mecanismos do processo jurídico brasileiro a partir dos dois casos.

https://www.facebook.com/lulastruth/videos/1395309977181429

“’Liberi e Uguali’, com três meses de existência, nunca se manifestou sobre o Caso Lula e nem sobre procedimentos do Poder Judiciário”, diz ainda Fanganiello, que faz de um vídeo que circula na Internet como parte integrante de sua manifestação. A seguir, a nota emitida pelo candidato Fanganiello, na íntegra:

“Comunicado a comunidade italiana e aos meus eleitores. Fatos lamentáveis e mentirosos, voltados a me desacreditar direta ou indiretamente (envolvendo também o meu partido, Liberi e Uguali), perante meus eleitores italianos e ítalo-brasileiros, foram difundidos por meios eletrônicos na semana antecedente ao Carnaval. Portanto, abaixo, seguem os esclarecimentos necessários e pertinentes.

1.Liberi e Uguali (LeU) é um movimento político liderado por Pietro Grasso, juiz antimáfia, ex-procurador nacional anti-máfia. Após se aposentar como magistrado, Grasso elegeu-se senador e tornou-se, no segundo dia de mandato, presidente do Senado da Itália, depois de apresentar projeto de lei para confrontar o fenômeno da corrupção.

Como lidership de Liberi e Uguali ele é candidato a primeiro-ministro italiano. Grasso, magistrado de formação como eu sou, honrou-me com as escolhas para integrar a lista de candidatos a deputado italiano para a América do Sul e de integrar o quadro de delegados do movimento.

Na Itália, Grasso é considerado uma reserva moral e independente. Nunca foi comunista, como sabem inclusive os italianos minimamente informados. Como disse na Convenção que o escolheu para liderar, aceita apoios de todos, mas nenhuma subordinação ideológica.

Do seu programa político, e basta acessar o site de Liberi e Uguali, não consta, – conforme propagou equivocado artigo da revista Exame digital – ser contra privatizações ou concessões. Ao contrário, ressaltou a necessidade de modernizar a Itália.

Também é graciosa, portanto, a informação, divulgada no mesmo artigo [NR – o subscritor da nota informa que “a alta direção da revista Exame será devidamente alertada sobre todos os equívocos apresentados na matéria que é objeto deste comunicado], de que o prefeito de São Paulo, João Dória Júnior, está apoiando os candidatos Wálter Fanganiello Maierovitch e Silvana Rizzioli) do movimento (Liberi e Uguali), que também seriam contrário às privatizações.

2. O movimento Liberi e Uguali não se intromete em questões soberanas do Brasil. Não é verdade que esteja ao lado do ex-presidente Lula e que tenha feito críticas à Justiça brasileira. Não toma e nem tomará partido sobre a questão Lula referida.

Liberi e Uguali, igualmente, não se manifesta sobre processos judiciais fora da Itália. Como também não se intromete em questões políticas brasileiras, em respeito ao princípio da soberania.

Liberi e Uguali, com três meses de existência, nunca se manifestou sobre o Caso Lula e nem sobre procedimentos do Poder Judiciário.

3. A iniciativa e a promoção, na Câmara dos Deputados da Itália, de uma sessão especial na defesa do ex-presidente Lula da Silva, foi do Partido Democrático italiano, sob a presidência do deputado Fabio Porta, eleito deputado pelo Brasil e agora candidato ao Senado.

Nessa sessão especial mencionada, presidida por Fábio Porta, destinada a analisar violações a direitos humanos no Brasil relativas ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e aos processos criminais contra o ex-presidente Lula (apontado como perseguido político), houve manifestações do advogado do ex-presidente, colocado em destaque pelo presidente Fábio Porta, e do jurista italiano Luigi Ferrajoli, contratado para emitir pareceres nos processos Lula e na questão de violações a garantias fundamentais.

Os que se manifestaram, sob a presidência do deputado Fábio Porta, autor da proposta de sessão especial, na verdade uma espécie de desagravo aos ex-presidentes Dilma e Lula -,foram o advogado de Lula, Cristiano Zanin, e o jurista Luigi Ferrajoli.

A respeito, fica anexado e considerado parte integrante desta Nota de Protesto, o vídeo, exibido no Youtube, da sessão especial citada.

4. Na condição de Cavaliere della Repubblica italiana por mérito na luta antimáfia, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, representante do Brasil na Organização das Nações Unidas, e fundador e presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais Giovanni Falcone, declaro, sob compromisso de honra, nunca haver me filiado a partidos políticos no Brasil. Nunca foi político e por ser progressista, democrático, republicano, católico, e humanista, falham os que tentam me rotular como comunista radical. Depois das eleições, tomarei as medidas judiciais cabíveis contra o candidato Antonio Laspro (patronato Enasco e integrante da lista argentina Maie) por propalar a condição de comunista que comunista que eu não sou. Idem em relação ao candidato Pasquale Mattafora, que se apresenta como co-fundador e membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais Giovanni Falcone (IBGF). Mattafora não sabe onde e por quem foi fundado o IBGF, do contrário não se atreveria a fazer tal menção. O seu nome, por evidente, não consta da ata de fundação, arquivada em Cartório.

Sendo o me cumpria esclarecer em respeito aos meus eleitores, subscrevo o presente comunicado.”