Ao falar na solenidade oficial comemorativa aos 140 anos da chegada das primeiras famílias de imigrantes italianas no estado do Rio Grande do Sul, o embaixador da Itália, Raffaele Trombetta disse que a presença dos cerca de 30 milhões de ítalo-brasileiros torna, sob certos aspectos, mais fácil o seu trabalho de embaixador no Brasil. Trombetta enalteceu a contribuição que os imigrantes e seus descendentes deram à formação cultural e ao desenvolvimento econômico, social e político do Brasil ao longo desses 140 anos. “Como os valores que os imigrantes trouxeram e transmitiram são valores permanentes e universais, os nossos agradecimentos também devem ser permanentes e universais”, disse o diplomata.

Trombetta falou em Nova Milano, distrito de Farroupilha-RS, durante a principal solenidade comemorativa à data, organizada dia 20 último pelo Consulado da Itália em Porto Alegre, sob o comando do cônsul geral Nicola Occhipinti, em conjunto com o Centro Cultural Ítalo-Brasileiro de Caxias do Sul. Ali é que chegaram as três primeiras famílias – Crippa, Radaelli, e Sperafico – em 20 de maio de 1875. O evento, entretanto, é um das centenas de manifestações realizadas e que se realizam em todo o Estado, especialmente na área da Serra Gaúcha.

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Alegra-me – disse ainda o embaixador – que comemoremos os 140 anos da chegada dessas famílias provenientes de Brianza, Milão, Lombardia, num período em que a cidade de Milão está no centro das atenções de todo o mundo, graças, exatamente à Expo que nesses dias, nessas semanas, nesses meses se realiza na Itália, exatamente em Milão. “Uma Expo que se baseia sobre alguns valores que são aqueles da alimentação para todos, da agricultura e da economia sustentável, do trabalho que cada um de nós emprega em suas atividades. São os valores que trouxeram aqui aquelas famílias há 140 anos, valores universais e permanentes”, disse o embaixador.

Na oportunidade falaram também o prefeito de Farroupilha, Claiton Gonçalves; a esposa do governador José Ivo Sartori, deputada Maria Helena Sartori, além do cônsul Nicola Occhipinti, que leu mensagem do deputado Fabio Porta. A solenidade cívica sucedeu a missa celebrada pelo bispo diocesano Dom Alessandro Ruffinoni, que em sua homilia também enalteceu os valores humanos e a fé trazidos pelos imigrantes. Um número expressivo de lideranças e dirigentes de associações italianas do Rio Grande do Sul compareceu ao evento, ao lado de empresários ítalo-brasileiros como Raul Randon, do grupo Randon; Paulo Bellini, do grupo Marcopolo; Hugo Zattera, do grupo Agrale; Adelino Colombo, da rede de lojas com o mesmo nome; Benildo Perini, da vinícola Perini e inúmeros outros. Da Itália estavam presentes Oscar De Bona, presidente da Associazione Bellunesi nel Mondo, acompanhado do consultor vêneto para o RS, Cesar Prezzi e o representante da Associazione Trentini nel Mondo, Cesare Ciola.

Na oportunidade foram homenageados com medalhas um descendente de cada uma das famílias pioenrias, enquanto o cônsul occhipinti entregou o certificado de reconhecimento da cidadania italiana a Gelson Radaelli, Gelson Radaelli Filho e Samuel Radaelli. Cerca de 400 pessoas, entre as quais políticos locais e também a deputada Renata Bueno participaram, ao final, do almoço por adesão servido nas dependências do salão paroquial. Uma placa foi depoistada no local dizendo: “Por ocasião das comemorações alusivas aos 140 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul, nossa homenagem e reconhecimento aos descendentes de Tomaso Radaelli, Luigi Sperafico e Stefano Crippa, pioneiros desta epopéia de fé, esperança e trabalho. Nova Milano 20/05/2015 – Consulado Geral da Itália em Porto Alegre – Nicola Occhipinti”.

Conteúdo dos discursos

Prefeito de Faroupilha, Claiton Gonçalves :Saudar de forma carinhosa a todos os descendentes dos imigrantes italianos e de forma especial os descendentes das famílias Crippa, Radaelli e Sperafico que, em 1875, após atravessarem uma mata bastante vigem, a partir de Sao Sebastião do Caí, um pequeno porto que lá existia de açorianos, que haviam chegado antes, por isso a minha estada aqui como Gonaçalves, me propicia esse momento de comemoração dos 140 anos da imigração tialiana no Rio Grande do Sul. A pergunta que se faz nesse momento é se naquele dia o sol era tão intenso e o céu tão azul como é hoje. Porque aqui encontraram a mata, os silvícolas que os ajudaram a construir um pequeno galpão e que a partir disso se começou a plantar uma civilização diferenciada do contexto deste grande país chamado Brasil. Em minha fala eu quero saudar de maneira muito carinhosa – e é em cima desta saudação que eu também encerro a minha fala – que são as mulheres e as mães que conduzira esta importante civilização até os dias de hoje. Nós poderíamos aqui saudar grandes empresários e grandes comerciantes que fazem da região o segundo polo de desdobramento de aço do Brasil, um polo importante como o polo plástico, um polo de desenvolvimento na indústria do calçado, da malha, um polo que pode ser considerado como inovador neste país – aqueles que fizeram do comércio a alva anca do desenvolvimento, enfim, todos esses cidadãos que são importantes…. que têm uma inspiração continuada, noturna e importante nas suas mulheres É a estas mulheres que eu quero saudar porque se nós chegamos aos 140 anos, nós chegamos por conta das mulheres e das mães que plantaram a sociedade. Nós sabemos que uma grande edificação está plantada em quatro pilares importantes, e os pilares sobre os quais a nossa civilização é o trabalho, a religiosidade que estão diante dos olhos principalmente daqueles que chegaram, nós temos que saudar as questões mais afetivas, que é a condução da família e a inovação. Se nós lembrarmos da inovação, nós temos que pensar que a primeira polenta foi feita por uma mulher. E essa mulher, que não trouxe da Itália uma polenta, que trouxe o vinho e o pão, fez o primeiro grande ato de inovação aqui neste lugar. Que a partir da polenta que é feita de milho, o milho é rico em triptofanol, um dos aminoácidos essenciais à vida, fez com que crescesse aqui uma sociedade inteligente, forte, trabalhadora, propiciando qualidade de vida a quem aqui se criou e mostrando isso ao mundo todo. Parabéns mulheres, parabéns mulheres imigrantes, mulheres sucedâneas das imigrantes que trouxeram essa civilização até a grandeza que temos hoje. Um forte abraço à pátria Itália que empresa a genética a estre grande desenvolvimento. Um beijo a todos.

Embaixador da Itália no Brasil, Raffaele Trombetta: Bom dia a todas e todos. Cita todos Estou aqui com grande comoção, grande orgulho, comemorando com todos vocês a chegada daquelas família, há 140 anos, e comemorando deste jeito também o início da imigração italiana no Rio Grande do Sul e no Brasil. Então, para respeitar a memória daqueles italianos que aqui chegaram, com a permissão de todos vocês, eu gostaria de exprimir os meus sentimentos em italiano É verdadeiramente com emoção que estou aqui recordando a contribuição que, graças àquelas famílias que vieram de Brianza, de Milão, da Lombardia há 140 anos, a Itália soube dar a esse País. É uma contribuição à formação cultural, ao desenvolvimento econômico, social e político do Brasil. É graças a eles que tudo isso pode acontecer e é graças a eles que temos em todo o Brasil cerca de 30 milhões de descendentes de italianos, 3,5 milhões no Estado do Rio Grande do Sul. Italianos que se firmaram em todos os campos: na política – temos o nosso governador que é italiano – na ciência, na cultura, na economia. A Itália é parte fundamental do Brasil e então temos tudo isso. E me alegra que comemoremos os 140 anos da chegada dessas famílias provenientes de Milão num período em que a cidade de Milão está no centro das atenções de todo o mundo, graças, exatamente à Expo que nesses dias, nessas semanas, nesses meses se realiza na Itália, em Milão. Uma Expo que se baseia sobre alguns valores que são aqueles da alimentação para todos, da agricultura e da economia sustentável, do trabalho que cada um de nós emprega em suas atividades. São os valores que trouxeram aqui aquelas famílias há 140 anos, valores universais e permanentes. E queria acrescentar, para encerrar o meu agradecimento, diria, quase pessoal: se a Itália é forte e respeitada aqui no Brasil, assim como meu trabalho como embaixador da Itália no Brasil e o do meu colega o cônsul geral em Porto Alegre, se o meu trabalho torna-se melhor, e também mais fácil em certos aspectos, é graças a tudo quanto foi feito nestes 140 anos, a partir da chegada dessas famílias. Assim, como os valores que eles trouxeram e transmitiram aqui são valores permanentes e universais,os nossos agradecimentos devem também ser permanentes e universais.

Deputada e primeira dama do RS,Maria Helena Sartori: Bom dia a todos e a todas… O governador Sartori gostaria muito de estar aqui na terra onde ele nasceu, especialmente neste dia da comemoração dos 140 anos da imigração italiana. Mas convocado que foi pelo presidente do Senado junto com todos os governadores estaduais para uma reunião em Brasília hoje, não pode estar presente e me passou a missão de trazer a todos os abraço e dizer que ele pessoalmente gostaria muito de estar aqui hoije. Ao comemorarmos os 140 anos da imigração italiana, mantemos vivas as raízes do passado para germinarmos as sementes do futuro. Comemoramos também nesse dia o Dia da Etnia Italiana, data que foi instituída pela Lei 11595, em 2001, e que foi proposição do então deputado Sartori. Valorizamos a trajetória de quem aqui chegou com fé, esforço e vontade de construir um mundo melhor. Nossos antepassados foram além: venceram todas as intempéries, todas as dificuldades. É um momento propicio para refletir sobre o papel desempenhado pelos descendentes daqueles bravos pioneiros vindos da Itália que aqui chegaram cheios de sonhos e muita vontade de trabalhar e vencer. Nossa região é hoje a concretização daquele sonho sonhado por aqueles imigrantes. Desde o longínquo 1875 nossa gente vem superando desafios, revivendo o passado, colhendo para o futuro, olhando para o futuro. E eu tenho a certeza que continuará aqui o nosso Estado sendo construído com a mesma determinação, aquela determinação dos nossos descendentes e de todos que chegaram aqui no afã de de buscar uma vida melhor e mais feliz. É este o espírito que une o RS, daqueles descendentes que tiveram medo, sim, tiveram dificuldades, sim, mas tiveram fé, foram persistentes e hoje nós podemos dizer que o sonho deles muitos de nós vivemos aqui na região. Aquele sonho de um país, de um Estado onde tivesse trabalho, comida, saúde – esse sonho eles construíram e nós estamos vivendo parte desse sonho. Nós precisamos continuar sonhando. Sonhando com o nodoso Estado, para que seja aquele Estado que todos nós queremos. Um Estado que possa olhar para o futuro, assim como os imigrantes sonharam, olhando para o futuro. Sabemos das dificuldades, mas temos em nós, no nosso sangue e no sangue de todos os gaúchos a persistência e a força para construir esse futuro melhor que queremos para todos nós. Muito obrigada.