O deputado Luis Roberto Lorenzato entre o premier italiano Giuseppe Conte e o presidente Jair Bolsonaro em Davos, Suíça. (Foto Palazzo Chigi)

Clima de guerra e desaponto entre as principais lideranças ítalo-catarinenses e o novo governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva (PSL), depois que anunciou intenção de não cumprir a promessa, realizada pelo governo anterior, de cessão de imóvel para o funcionamento do serviço consular italiano na capital do Estado. “Está todo mundo perplexo com a informação e esperamos que o governador reflita melhor sobre o assunto”, disse o principal articulador do movimento pró-consulado de SC até aqui, Diego Mezzogiorno.

O assunto foi levado até Davos, na Suíça, onde se encontravam o primeiro ministro italiano, Giuseppe Conte e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Ao tomar conhecimento do impasse, Bolsonaro, através de sua assessoria, encarregou o deputado ítalo-brasileiro Luiz Roberto Lorenzato (Lega) para cuidar pessoalmente do assunto. “O tema será objeto de visita minha pessoal ao governador de Santa Catarina, na próxima viagem que eu fizer para o Brasil, no decorrer do próximo mês, disse Lorenzato a Insieme agora há pouco.

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A cessão do espaço, anunciado e divulgado como sendo em área existente no Centro Administrativo, no bairro de Saco Grande, às margens da Rodovia SC-401, distante poucos quilômetros do centro de Florianópolis (área antes utilizada pelo Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil – Sicoob), é elemento essencial para a decisão já anunciada por parte do governo italiano de ampliar a estrutura consular no Estado, hoje dependente da sede de Curitiba, que tem jurisdição também sobre Santa Catarina.

No processo, que contempla igual providência também para o Estado do Espírito Santo, foram envolvidas as principais lideranças políticas do Estado, inclusive o próprio Poder Legislativo que, no ano passado, se manifestou favoravelmente à reivindicação e à possibilidade de participação do governo, já que é expressiva a comunidade italiana em Santa Catarina. Do lado italiano, houve apoio decisivo do atual embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini e do subsecretário para os italianos no mundo do governo italiano, senador Ricardo Merlo (Maie), além do deputado Luis Roberto Lorenzato.

A cessão do imóvel somente não foi formalizada pelo governador anterior, Eduardo Pinho Moreira, em função do período eleitoral. Um parecer da Consultoria Jurídica do governo sobre o pedido formalizado pelo Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ do PR/SC, foi contrário, em 4 de dezembro último, à cessão devido aos impedimentos ditados pela legislação eleitoral (ano eleitoral) e o assunto ficou pendente para a decisão do novo governo já então eleito e que tomou posse no início de janeiro.

Segundo Mezzogiorno, que é conselheiro da Câmara Ítalo-Brasileira de Indústria e Comércio de Santa Catarina, a informação sobre a decisão do governador lhe foi transmitida, hoje pela manhã, pela Secretaria de Articulação Internacional, comandada pelo empresário joinvilense Derian Campos. A secretaria, criada recentemente, ainda sequer figura no site do governo. Imediatamente Mezzogiorno passou a ter contato com lideranças que apoiaram incondicionalmente a medida, entre eles o deputado Vicente Caropreso (PSD), o senador Jorginho dos Santos Mello (PR) e o também senador e ex-governador Esperidião Amin (PP), além de lideranças empresariais ligadas à Federação das Indústrias de SC.

Mezzogiorno também contatou o deputado ítalo-brasileiro Luis Roberto Lorenzato, que se encontra em Davos, na Suíça, participando do encontro bilateral Brasil-Itália entre o primeiro ministro italiano Giuseppe Conte e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, do mesmo partido do governador de Santa Catarina.

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A ideia, segundo Mezzogiorno, era levar a questão ao próprio presidente Bolsonaro, para que ele interceda em favor dos ítalo-catarinenses e ele, segundo o próprio Lorenzato disse a Insieme, prontamente o encarregou de resolver a questão junto ao governador de SC. “O deputado me informou que o presidente Bolsonaro passou a bola pra ele, e então ele ficou encarregado de falar com o governador de Santa Catarina”, disse mais tarde Mezzogiorno.

Sobre o assunto, o deputado Nilso Berlanda (PR) disse a insieme que é preciso “deixar iniciar o trabalho na Alesc (Assembléia Legislativa) para entrarmos em contato e termos uma posição definitiva e isso só ocorrerá em fevereiro”.

Também o deputado Vicente Caropreso, que é também conselheiro do Comites PR/SC, lembrou que ele, por duas vezes, entregou correspondência oficial ao embaixador Antonio Bernardini, subscrita por mais de 30 parlamentares ítalo-catarinenses, manifestando apoio à iniciativa e solicitando empenho no atendimento da reivindicação. “Infelizmente – disse Caropreso – não obtivemos resposta até o presente momento”.

Segundo Insieme conseguiu apurar, na próxima segunda-feira, o governador Carlos Moisés da Silva terá encontro com o cônsul geral da Itália em Curitiba, Raffaele Festa. Não se conseguiu apurar, entretanto, se o tema está da pauta do encontro. O consulado de Curitiba, ao contrário da Embaixada, tem-se mantido em silêncio sobre a histórica reivindicação da comunidade ítalo-catarinense.

Segundo Caropreso, alguns deputados estavam sendo convocados para comparecerem ao plenário, para uma eventual visita do cônsul à Alesc que, como muitos outros serviços, encontra-se em período de recesso. O presidente do Comites, Walter Petruzziello, também disse desconhecer a visita.

Mais no final da tarde, Diego Mezzogiorno informava já ter audiência marcada, “para amanhã”, com o prefeito de Florianópolis: “Tenho certeza – disse ele – que, em caso de negativa do governo estadual, a autoridade municipal da capital catarinense haverá de se manifestar favoravelmente a um eventual pleito de espaço digno para o funcionamento dos serviços consulares italianos em Santa Catarina”. Segundo Mezzogiorno, devem existir ingredientes político-partidários envolvidos na decisão do novo governador do Estado, “mas esta é uma questão suprapartidária”.

Mezzogiorno com o senador Jorginho dos Santos Mello na manhã de hoje. (Foto Cedida)