“Se essas coisas constarem na Lei do Orçamento, não apoiaremos, não interessam as consequências políticas: Nós, do Maie, não votaremos jamais alguma coisa que vá contra os interesses dos italianos no exterior”. Direto e claro, assim falou o senador Ricardo Merlo em rápida entrevista concedida à Revista Insieme à margem da sessão de abertura da XIV Reunião de Coordenação do Sistema Itália no Brasil, em Curitiba, no final desta segunda-feira que passou.

Ele se referia à proposta de aumento da “taxa da cidadania” de 300 para 600 euros, constante da proposta orçamentária do governo italiano para o ano que vem, em trâmite no Parlamento. “Nesta semana – disse Merlo – apresentamos uma emenda para evitá-la, e praticamente para procurar anular esses 300 euros”. A proposta, segundo Merlo, nasceu dentro do Ministério das Finanças.

PATROCINANDO SUA LEITURA

“Creio – disse ainda o senador e subsecretário para os italianos no mundo da Farnesina (Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional) – que [essa taxa] seja uma questão de falta de constitucionalidade, porque taxar assim um direito é uma coisa que não se pode aceitar”.

O parlamentar eleito pela Circunscrição Eleitoral do Exterior assegurou que seu partido, o Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ não apenas está tentando evitar a taxa não apoiando eventualmente a Lei Orçamentária sem se importar com as consequências políticas, mas está também “estudando uma representação junto à Corte Constitucional, sustentando a inconstitucionalidade da taxa, porque não se pode taxar um direito”.

“Nós dissemos, já quando [a taxa] nasceu que era uma coisa injusta, que não se poderia taxar o direito de ter a cidadania italiana e, depois, isto consagra a plutocracia, isto é, quem tem dinheiro poderá ‘fazer’ a cidadania italiana, enquanto quem não tem dinheiro não poderá ‘fazê-la’, completou o senador Ricardo Merlo.

Merlo concluiu dizendo que nos próximos dias terá importantes reuniões com expoentes políticos italianos para dizer essas coisas, “para avisá-los sobre nossa posição e o que faremos caso se vá adiante com essa injustiça”.