“A ponte está sendo construída”, disse Oscar Lenzi, recém-nomeado como consultor da Província Autônoma do Trento para os Estados do Paraná e Santa Catarina, durante tele entrevista exclusiva que concedeu à Revista Insieme, logo após a notícia de sua nomeação. Essa ponte, segundo ele, deve estreitar ainda mais as relações entre a província e a mais numerosa comunidade trentina fora do Trento em todos os campos, sejam econômicos, sociais, acadêmicos ou científicos.

Além de Lenzi, conforme já noticiamos, mais dois consultores atuam no Brasil: Felipe Bernardi, no Rio Grande do Sul, e Tiago Dalapicola, no Espírito Santo – este, com delegação para o resto do território brasileiro que, apesar de extenso, acusa uma presença trentina bem mais rarefeita.

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A atuação dos novos consultores também atenderá novos requisitos, e para isso eles receberão treinamento especial, conforme explica Lenzi na entrevista em que anuncia sua vontade de, em breve, realizar uma série de visitas e contatos com todas as associações, círculos e famílias trentinas dentro de sua área, além de instituições de ensino, prefeituras e outras autoridades com as quais pretende estreitar relacionamento.

Pelo novo formado, os consultores deixarão de serem meros representantes do governo, e passarão a ter uma função primordial inclusive na definição das políticas do governo trentino junto às comunidades no exterior. Na entrevista, Lenzi explica quais as atividades que os consultores (são 15 em todo o mundo) desenvolverão sob delegação explícita do governo da Província Autônoma do Trento, após treinamento específico “para que as coisas se desenvolvam de forma profissional e institucional”.

Lenzi destaca que os círculos, associações e famílias sempre desenvolveram e desenvolvem um papel importante na organização das comunidades trentinas, mantendo tradições e costumes, mas representam uma parte do universo sob o alcance dos consultores, que fazem também o papel de sensores oficiais dessas comunidades e instituições. Neste sentido, ele entende que é necessário dar atenção a uma forte reivindicação atual dos descendentes de imigrantes trentinos em relação ao problema de sua própria identidade, ou seja, o reconhecimento da cidadania italiana.

Como se sabe, a cidadania italiana das pessoas que descendem de imigrantes oriundos dos territórios antigamente pertencentes ao Império Áustro-Húngaro (dos quais o Trento faz parte) teve prazo para ser solicitada do ano 2000 até o ano 2010, com base na Lei 379/2000. Somente uma pequena parte dos interessados no reconhecimento da cidadania italiana conseguiu realizar o pedido – um processo que ainda não foi concluído.

“É um tema que temos que discutir junto aos demais consultores, Comites – ‘Comitati degli Italiani all’Estero’, CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’, parlamentares, associações, círculos, famílias e demais forças”, disse Lenzi, “para formar uma força e fazer com que isso se acelere”. Ele diz que junto à PAT há interesse na matéria. “É um tema complexo, porém é uma reivindicação da comunidade trentina e iremos trabalhar sobre isso”, explica o novo consultor, nomeado na sucessão do advogado Elton Estolf.