primeiro foi o ex-cônsul Nicola Occhipinti, numa curta mensagem de vídeo. Depois, o senador e subsecretário Ricardo Merlo. Em seguida, veio uma nota do partido do próprio ministro do Interior, Matteo Salvini, onde se lia: “Em primeiro lugar os italianos, também aqueles nascidos no exterior”.
Estava, assim, encerrada uma questão que, nos últimos dias, vinha preocupando a comunidade de ítalo-descendentes espalhados pelo mundo, principalmente os da América do Sul e, em especial, do Brasil, que temiam perder a oportunidade de ver reconhecida a cidadania italiana por direito de sangue, em função do assim chamado “decreto Salvini”.
Tratando da problemática atual que envolve imigrantes na Itália, o texto de um hipotético decreto, vazado através da agência AdnKronos, incluiu – para alguns de maneira estranhamente sub-reptícia – questões ligadas à transmissão da cidadania italiana ‘iure sanguinis’, limitando-a ao segundo grau.
Os comunicados que se sucederam procuraram tranquilizar os ítalo-descendentes, após uma série de protestos e de mensagens e pedidos publicados nas redes sociais e dirigidos diretamente a Salvini e Merlo, além das críticas cada vez mais crescentes de dirigentes do PD no exterior – entre eles Fabio Porta, coordenador do partido na América do Sul – recorreram inclusive a um abaixo assinado que hoje à noite somava cerca de 6.500 subscritores.
“Com muita alegria comunicamos que o subsecretário de estado Ricardo Merlo, das Relações Exteriores, de Roma, recebeu agora uma ligação do ministro do Interior, Matteo Salvini, comunicando que qualquer forma de limitação da transmissão da cidadania italiana ´ius sanguinis´ foi eliminada” , anunciou por volta das 8h30min (hora do Brasil), o chefe de gabinete do subsecretário Ricardo Merlo. “Portanto – prosseguiu – a lei vai ficar na mesma. Este foi o resultado da luta do senador Ricardo Merlo nos últimos dias para evitar qualquer forma de modificação”, disse Occhipinti.
Logo em seguida, em mensagem também de vídeo de corpo inteiro, o próprio Ricardo Merlo gravou mensagem em italiano para dizer que tinha acabado de falar com Salvini e “ele me anunciou que foi retirada toda a limitação à transmissão da cidadania ´ius sanguinis´. Isto é, não há mais nenhuma limitação” disse Merlo, para completar: “No ‘decreto immigrazione’ nós conseguimos retirar esta limitação que éramos totalmente contra. Portanto, batalha vencida”.
A Lega – partido de Salvini, supostamente o autor do texto restritivo -, por sua vez, também saiu em campo para assegurar tranquilidade aos ítalo-descendentes de todo o mundo, afirmando que “a transmissão da cidadania por direito de sangue nunca esteve em discussão”.
O pronunciamento, publicado também através da Agência Ansa, refere nominalmente Luis Roberto Lorenzato, coordenador do partido para a América do Sul, onde se elegeu deputado, e o coordenador federal da Lega para os italianos no mundo, Paolo Borchia.
https://www.facebook.com/votepelacidadaniaitaliana/videos/289370678320659/
“No Viminal (sede do Ministério do Interior) – diz o comunicado – estavam em estudo diversas hipóteses, mas Matteo Salvini e a Lega nunca levaram em consideração restrições ao sistema vigente. Em primeiro lugar os italianos, também aqueles nascidos no exterior”.
No texto publicado, o partido diz que “tomamos nota das vozes que se levantaram nos últimos dias sobre o ‘decreto immigrazione’ mas a vontade do Ministro do Interior, Matteo Salvini, jamais foi no sentido de colocar limitações”.
Fica agora no ar o já anunciado, pelo próprio subsecretário Merlo, debate sobre uma nova lei de cidadania que no futuro deverá ser travada no seio do CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani allEstero”.