(Português BR) Candidata ao Senado, Rizzioli tem proposta sobre a memória da imigração italiana. E se define da “esquerda conciliadora”

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“Trabalhar para melhorar as questões fundamentais enfrentadas pelos cidadãos italianos no exterior, incluindo sobretudo a desburocratização dos processos de aposentadoria, de renovação da cidadania e do passaporte, como também a redução dos custos inerentes a este serviços e ao exercício da cidadania italiana na America do Sul.”

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A promessa é da candidata ao Senado italiano Silvana Arrivabeni Rizzioli, de Belo Horizonte, que disputa as eleições parlamentares italianas, ao lado do candidato a deputado Walter Fanganiello Maiorevitch, pela coligação “Liberi e Uguali”, comandada pelo ex-magistrado italiano Pietro Grasso, com a participação de dissidentes do PD – Partido Democrático italiano.

As eleições na Itália serão no dia 4 de março, mas no exterior, como é por correspondência, elas se realizam antes, já no decorrer de fevereiro. Dentre os candidatos até agora ouvidos por Insieme, Rizzioli é primeira a lançar um olhar para a história da imigração italiana: “Quero valorizar, preservar e divulgar a história da imigração italiana, um fenômeno que representou um verdadeiro êxodo, quando nos séculos XIX e XX, quase 30 milhões de italianos deixaram a Itália”, disse ela em entrevista exclusiva”.

Para Rizzioli,  importante promover e apoiar a criação de bases de dados e arquivos históricos para consulta gratuita, facilitando a obtenção dos documentos necessários para a construção da família genealógica e para o pedido de reconhecimento da cidadania italiana”. Veja o que pensa a candidata Rizzioli:

O que a motiva a entrar na política?

Salve, Sou Silvana Rizzioli, candidata ao Senado com  Walter Fanganiello Maierovitch, candidato a deputado. Sou cidadã e emigrante italiana, com cidadania honorária no Brasil. Trabalho há mais de 40 anos para o desenvolvimento da Sociedade, das Empresas, da Educação Profissional e também no campo da educação e da pesquisa. Sobretudo trabalho para o desenvolvimento, a formação, a capacitação  profissional e a evolução das pessoas, que hoje, através de seus percursos de carreira, são testemunhas vivas dos objetivos alcançados.

Entrei na Política a convite do Walter Fanganiello para construir um binômio fundado nas experiências, competências, credibilidade e integridade, mas sobretudo para atender através do nosso perfil pessoal e profissional às reais exigências e necessidades evidenciadas pelos cidadãos italianos residente na América do Sul. Em primeiro lugar, é importante dizer que ambos, Walter e eu, compartilhamos uma ideia de política entendida não como uma profissão, mas como serviço público no interesse dos cidadãos.

Temos muito em comum: Um longo percurso profissional e competências especificas que queremos colocar a disposição dos cidadãos que residem na América do Sul. As nossas diretrizes são: Garantir uma representação efetiva para que a presença dos italianos no exterior, tão significativa, tenha a devida visibilidade e o justo reconhecimento na Itália. Queremos reduzir as distâncias entre representantes eleitos e cidadãos italianos representados, através do uso de redes telemáticas e a criação de uma rede de delegados nos principais centros e comunidades italianas da América do Sul. Queremos também recuperar o elo de italianidade com os italo-descendentes na America do Sul.

Que razões a levam para uma formação política de esquerda?

Não entenderia a ligação ded “Liberi e Uguali’ como de esquerda. Entendo esta ligação como uma “esquerda conciliadora” que procura uma maior interação e sinergia com todos os outros movimentos políticos e sobretudo visa proporcionar maiores oportunidades aos italianos e aos seus descendentes  e a construção de um mundo melhor em plena sinergia . A liderança imaculada do magistrado Pietro Grasso, traz a sua coragem ética  emoldurada por uma proposta politica conciliadora, não no sentido de acordos feitos em surdina, mas no entendimento voltado para o bem comum.

Numa eleição continental como essa, que tipo de abordagem está realizando com os eleitores?

Primeiro a força do binômio Silvana Rizzioli e Walter Fanganiello. Segundo: Um plano de trabalho estruturado e exequível, cuja abordagem é focada em resultados viáveis e concretos. Terceiro: Um Sistema Itália, mais operativo, promovendo uma maior sinergia entre os diferentes atores presentes no território, como Instituições, associações, empresas, escolas, universidades e outros, para melhorar e incrementar as atividades culturais, sociais, comerciais, econômicas, a educação e a pesquisa, promovendo a osmose do conhecimento entre os Países.

Em vez de mencionar projetos de lei pontuais e promessas nem sempre confiaveis, como fazem tradicionalmente as plataformas de campanha, prefiro falar de programas palpáveis e possíveis, como explicitado no meu Plano de Trabalho  e levar também os jovens italo-brasileiros  e suas famílias à descobrir que a Itália pode-lhes oferecer um leque promissor de oportunidades.   

Que causas vai defender no Senado, caso eleita?

Quatro anos de atuação para quem, como eu, tem vasta experiência de trabalho e de resultados, junto ao real interesse, proatividade e dedicação, serão fundamentais para abordar em síntese o nosso Plano de Trabalho. Com o voto dos eleitores desejo trabalhar para uma maior integração e sinergia entre a América do Sul e a Itália, melhorando as relações econômicas, comerciais, culturais , sociais e no campo da educação e da pesquisa.

Desejo trabalhar para melhorar as questões fundamentais enfrentadas pelos cidadãos italianos no exterior, incluindo sobretuto a desburocratização dos processos de aposentadoria, de renovação da cidadania e do passaporte, como também a redução dos custos inerentes a este serviços e ao exercicio da cidadania italiana na America do Sul.

Quero valorizar, preservar e divulgar a história da imigração italiana, um fenômeno que representou um verdadeiro êxodo, quando nos séculos XIX e XX, quase 30 milhões de italianos deixaram a Itália. Uma história que continua hoje, em decorrência da crise mundial, com uma “nova onda migratória” que também merece toda a nossa atenção.

É importante promover e apoiar a criação de bases de dados e arquivos históricos para consulta gratuita, facilitando a obtenção dos documentos necessários para a construção da família genealógica e para o pedido de reconhecimento da cidadania italiana.

Precisamos tornar mais operacional o Sistema Itália, promovendo uma maior sinergia entre os diversos sujeitos presentes no território, para incrementar atividades culturais, econômicas, comerciais e sociais. Queremos criar mais oportunidades formativas  e de atualização profissional, com essas ações: Ampliar e aprimorar o sistema de educação bicultural na América do Sul; Simplificar o processo de revalidação dos títulos de estudos; Intensificar acordos com universidades italianas e européias; Expandir a oferta Erasmus para estudantes universitários; Promover a pesquisa e a interação com as Start-ups (empresas emergentes de alta tecnologia).

Também queremos criar maiores perspectivas de intercâmbio, crescimento e desenvolvimento comercial e econômico para pequenas, médias e grandes empresas, através de novos acordos entre a Itália e a América do Sul, a fim de aumentar a qualidade e a competitividade de produtos e serviços. Finalmente, queremos promover conexões mais abertas entre a Itália e a América do Sul, para aqueles que possuem um passaporte italiano e para os italo-descendentes.

Como vê a atuação dos parlamentares eleitos no exterior em todos esses anos?

A atuação dos parlamentares eleitos em todos estes anos é praticamente nula, salvo algumas exceções. As problemáticas essenciais enfrentadas pelos italianos na América do Sul continuam as mesmas. Tivemos algum sinal por parte de movimentos inovadores, ma ainda nossa voz não é escutada e atendida  plenamente no Parlamento e no Senado Italiano. Não temos lideranças expressivas. Esta eleição antecipada é uma prova viva do fato que a América Latina, com suas peculiaridade culturais e de agenda (férias coletivas de janeiro e Carnaval) não foi considerada pela politica italiana.

Que pensa sobre as filas da cidadania, principalmente no Brasil? Alegam falta de recursos, mas não é apenas má-vontade em fazer cumprir a lei do direito de sangue? 

Como já explicitado no meu Plano de Trabalho, é importante promover a desburocratização dos processos de obtenção da cidadania. Isto requer uma análise de processos voltada a otimização dos mesmos.

Que pensa sobre a “taxa da cidadania” que vem sendo cobrada, desde agosto de 2014, mais cara que a Itália cobra de extra comunitários, sobre cada processo de reconhecimento da cidadania italiana a ítalo-descendentes, isto é, a quem, pela lei, já nascido italiano?

Este também representa um ponto importante do nosso Plano de Trabalho, pois é também nosso objetivo trabalhar para reduzir os custos de reconhecimento da cidadania italiana, emissão e renovação de passaporte e outras práticas relacionadas ao requerimento da cidadania italiana, em todos os países da América do Sul. Queremos  sobretudo, desburocratizar os processos de cidadania, aposentadoria e renovação do passaporte, com a introdução de procedimentos administrativos mais rápidos e eficazes.

Seu partido luta pela ampliação do “ius soli’ na Itália. A candidata admite ou advoga alguma restrição geracional no ‘ius sanguinis’?

Estou totalmente a favor pela ampliação do “ius soli” em coerência com esta linha estratégica do Partido e não sou a favor das restrições aos “ius sanguinis”, independentemente da geração, até o porque é lei e direito dos descendentes de italianos, tanto é que nas minhas propostas está a importância de promover e apoiar a criação de bases de dados e arquivos históricos para consulta gratuita, facilitando a obtenção dos documentos necessários para a construção da família genealógica e para o pedido de reconhecimento da cidadania italiana.

Sendo mulher e mãe, que pensa, igualmente, da restrição administrativa (juridicamente já aceita) à transmissão da cidadania italiana “ius sanguinis” pelo lado materno a nascidos de mãe italiana antes de 1948?

Estou totalmente contraria a esta restrição, atemporal, discriminatória e injusta.

Por duas vezes, no Brasil, fecharam-se cursos de língua estrangeira (italiana) e mesmo chegou-se a se proibir o falar italiano. Agora alguns advogam a restrição de direitos, como o da cidadania “ius sanguinis”, sobre quem não tenha conhecimento básico da língua e cultura italiana. A seu aviso, isto é correto?

A restrição de direitos , como o da cidadania “ius sanguinis” sobre quem não tem conhecimento básico da língua e da cultura italiana é sobretudo anti-constitucional. Nossa constituição não explicita que os cidadãos italianos precisam falar a língua madre. No entanto, acredito que deve-se promover um movimento para que os novos cidadãos se aproximem da cultura italiana e mesmo em “nível básico” aprendam a conhecer sobre a Itália.

Made in Italy” em confronto com italianos no exterior, ítalo-brasileiros, itálicos de forma geral: problema ou recurso para a Itália?

O “Made in Italy” é sempre um recurso inquestionável para a Itália  e também para os Países da América do Sul. Pode intensificar as relações bilaterais e a osmose da excelência dos produtos, serviços e expertises  italianos.

Acredita, como alguns, que falta uma política permanente italiana voltada aos italianos no mundo? A seu ver, quais seriam as linhas gerais dessa política?

Acredito que realmente falta uma politica permanente italiana voltada aos italianos no mundo. Precisa de uma maior representatividade e interação entre representantes e representados, capacitados para exercer  uma representação não politica mas a serviço dos cidadãos.

O nosso Plano de Trabalho já contem fortes indicações para implantar uma politica permanente para os italianos no mundo. Isto no âmbito das relações comerciais, sociais, culturais e da comunicação.Precisamos lembrar que pela constituição italiana a educação é garantida como um direito absoluto da cidadania .


Curriculum da candidata

Silvana Arrivabeni Rizzioli, (Foto Divulgação)

Formada em Administração de Empresas pela Università degli Studi di Torino, Pós-graduada em Ciências da Informação, Business Administration and Marketing pela Universidade de Palatine (Ilinois) EUA e Gestão Estratégica de Recursos Humanos pela Universidade Federal de Santa Catarina, Silvana Arrivabeni Rizzioli trabalha há mais de 40 anos na área educacional e de Recursos Humanos.

Natural da Itália, ela residiu no Brasil de 1970 a 1973 e, em 1981, voltou novamente ao país, onde ainda reside.De 1992 até 1996, Silvana foi responsável pelo Centro de Competências da Fiat com o objetivo maior de elevar as competências especializada dos recursos da empresa, do Grupo Fiat no Brasil e de seus principais parceiros através da Universidade Fornecedores Fiat. Silvana hoje é diretora do Instituto de Competências Empresariais (ICE) e da Associação Internacional de Competências Empresariais (AICE), declarada de Utilidade Publica pelo Estado de Minas Gerais. Os Institutos utilizam tecnologias formativas de última geração, tendo o objetivo de interagir com outras empresas e com o público externo, inclusive na área social. AICE e ICE tem parcerias com Orgãos Federais, ABDI, Federação das Indústria em MG e Seberae em nivél nacional.

Presidente da UBQ- União Brasileira para Qualidade desde 2011; Conselheira da Amcham, Camara Americana de Comércio, Fundadora e Diretora Executiva da Acibra – Associação Cultural Ítalo Brasileira; além de ter sido empossada, no dia 14 de fevereiro 2004, membro do Conselho Deliberativo da ABRH-MG e, em Março de 2017, membro do Conselho da Associação Comercial de Minas Gerais. Nas empresas do Grupo Fiat, Silvana já desempenhou diferentes funções. Em 1990, assumiu o cargo de executiva e responsável pela área de desenvolvimento de RH da Fiat Automóveis.

De 1992 a 1996, foi Diretora Geral da Fundação Torino, trabalhou na transformação da escola em instituto bi-cultural e internacional, promoveu a integração com o MEC-Ministério de Educação e Cultura do Brasil e implementou novos cursos legalmente reconhecidos pelo Ministério de Educação e Cultural da Itália e do Brasil. De 1997 até 2002, ela foi responsável pela área de Educação e Cultura da Fiat Automóveis, quando promoveu uma rede integrada de universidades e empresas, com um total de mais de 90 instituições em nível regional, nacional e internacional.

Colaborou na implementação da Universidade Corporativa Fiat e na formação de quase 5000 especialistas através da realização de cursos “in company” de Formação Acadêmica, realizados em parceria com a rede nacional e internacional das Universidades parceira. Os cursos foram projetados e customizados em coerência com as novas estratégias empresariais. Promoveu uma rede de convênios com órgãos públicos e privados, além de uma vasta rede cultural interativa, inclusive no âmbito das realizações de novos projetos sociais.