Sem que a voz do CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’ fosse ouvida, o governo italiano convocou oficialmente neste 03/09 as eleições para a renovação dos Comites – ‘Comitati degli Italiani all’Estero’ para o dia 03 de dezembro próximo, conforme estava previsto. O CGIE pedia o adiamento do pleito que deverá mobilizar os 120 Comites (107 pre-existentes e os 13 novos criados recentemente ou em criação) em todo o mundo.
O evento eleitoral interessa em tese a todos mais de seis milhões os italianos residentes fora da Itália inscritos no Aire – o cadastro geral dos eleitores – mas nele poderão votar somente os que, até o dia 03 de novembro, realizarem uma outra inscrição junto aos consulados, na chamada “opção inversa”. A exigência, aplicada na eleição de 2015, foi responsável, segundo o CGIE, pelo fracasso na participação, cuja média geral não chegou a atingir os 5% do universo dos eleitores inscritos no Aire.
Nas eleições de dezembro próximo, segundo o decreto consular publicado, será realizado um teste para a introdução do voto eletrônico: em alguns consulados de alguns lugares ainda não divulgados, paralelamente ao voto por correspondência, haverá também o voto eletrônico – uma antiga reivindicação de setores preocupados com as possibilidades de fraude existentes na modalidade do voto por correspondência.
Segundo o secretário geral do CGIE, Michele Schiavone, o adiamento das eleições seria necessário para evitar o que chama de “spreco di denaro pubblico” (desperdício de dinheiro público) num período em que ainda existem restrições sanitárias devido à pandemia da Covid-19 e com pouco tempo para a divulgação do evento.
O governo italiano está gastando nove milhões de euros (mais de 55 milhões de reais) para a realização das eleições, segundo Schiavone. Entretanto, esse valor, segundo o vice-secretário geral do órgão para a América Latina, o ítalo-argentino Mariano Gazzola, seria ainda maior: 12 milhões de euros (equivalentes a quase 74 milhões de reais).
Com a convocação formal das eleições, o prazo para o registro de candidaturas também fica estabelecido: vai de 23 deste mês ao dia 03 de outubro. Recentemente, o governo italiano flexibilizou a documentação e apoios necessários para cada candidatura. Todos os consulados já vinham trabalhando para a realização das eleições na data ora oficializada.
O pedido de adiamento, endereçado inclusive ao presidente Sergio Mattarella, sequer obteve resposta. Muitos presidentes de Comites manifestaram recentemente posição pelo adiamento e no próprio seio do CGIE havia uma corrente contrária à posição de Schiavone. Hoje, em pronunciamento publicado por ItaliaChiamaItalia (portavoz do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ do é também alto dirigente), Gazzola afirma não entender o motivo para que as eleições fossem adiadas
Ao divulgar o decreto de convocação das eleições, o site do Maeci – Ministerio das Relações Exteriores e Cooperação Internacional destaca “a importância da participação na votação, exercício fundamental para a valorização de nossas numerosas comunidades italianas no exterior, que podem encontrar nos Comites interlocutores sempre disponíveis, porta-vozes dos interesses e necessidades dos cidadãos italianos na área”.
Os Comites, diz ainda, “apoiam os nossos conterrâneos, fornecendo informações úteis para a integração, organizando seminários, reuniões e conferências (também relacionadas com questões jurídicas e de pensões), cursos de línguas ou de formação profissional, iniciativas culturais importantes – como publicações ou exposições”.