“Continuaremos a trabalhar na mesma linha sobre a qual vínhamos trabalhando nos últimos 14 meses” e que “seguramente será enriquecida com questões que possam ser indicadas pelos amigos aliados”, porém, a linha será aquela: trabalhar para os italianos no exterior”. As palavras são do senador Ricardo Merlo e foram proferidas logo após a divulgação, esta manhã, de sua confirmação como subsecretário do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional, provavelmente com a mesma delegação que tinha anteriormente, isto é, os italianos no exterior. Antes subordinado a Enzo Moavero Milanesi, Merlo terá, agora, como chefe imediato o líder do “Movimento 5 Stelle”, Luigi Di Maio. Embora a delegação não tenha ainda sido confirmada, sua recondução ao cargo – segundo ele próprio disse a Insieme – representa “um reconhecimento a todos os italianos no exterior, ao trabalho desenvolvido no governo anterior que pela primeira vez teve um eleito no exterior com a delegação para os italianos no mundo”. Além de Merlo, foram designados hoje todos os ocupantes de subsecretarias e vice-ministérios, num total de 42 nomes, indispensáveis para o início do funcionamento do novo governo comandado pelo advogado Giuseppe Conte, agora numa aliança de centro-esquerda (M5S mais Partido Democratico, Leu – Liberi e Uguali e alguns componentes do Grupo Misto e Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’), depois de frustrada a experiência de governo com a centro-direita (M5S mais Lega, Maie e alguns componentes do Grupo Misto). A permanência de Merlo no governo Conte-Bis era já esperada por alguns observadores políticos, depois que os parlamentares do Maie deram o voto de confiança ao novo governo que, principalmente no Senado, tem maioria estreita. O discurso de Conte no Parlamento incluiu referências aos italianos no mundo, constando observação sobre difusão da língua e cultura italiana no mundo e sobre a reforma da lei da cidadania que – segundo o próprio senador Merlo admitiu – foi solicitada por ele e pelo deputado Mario Borghese, durante as audiências de consultas realizadas pelo novo premier. A nova situação coloca agora no mesmo lado dois polos antagônicos sobre políticas voltadas aos italianos no exterior – o Maie de Merlo e o PD de Fabio Porta, cuja nomeação para o cargo re-atribuído ao primeiro chegou a ser articulado por alguns integrantes do Partido Democrático na América do Sul. A oposição à nomeação de Merlo, entretanto, tinha mais adversários. Ainda ontem, a deputada Laura Garavini, eleita pela zona europeia da Circunscrição Eleitoral do Exterior, escrevia em seu perfil no Faceboock que “as políticas para os italianos no exterior durante o último ano foram um escândalo. Um deboche a todas as nossas comunidades italianas no mundo”. Segundo Garavini, que é domiciliada na Alemanha, seria “difícil acreditar que a notícia de uma re-confirmação de Ricardo Merlo como subsecretário seja verdadeira”, pois seria “mais uma afronta à nossa gente”. Merlo sempre foi um crítico severo sobre a ação dos governos anteriores em relação às políticas voltadas aos italianos no mundo. Enquanto, segundo chegou a dizer recentemente no Espírito Santo, o PD defender o ‘ius soli”, ele é pelo ‘ius sanguinis“, defendendo (e aconselhando), entretanto, o debate sobre ajustes na legislação em vigor. Segundo dizia a Insieme na noite de ontem o secretário do PD no Brasil, Andrea Lanzi, que é também o atual presidente do Comites – ‘Comitato degli Italiani nel Mondo’ do Rio de Janeiro, a experiência agora iniciada, unindo PD e Maie num mesmo governo, pode até vir a ser positiva: de um lado, existem os recursos decorrentes da iniciativa parlamentar de Fabio Porta (a chamada “taxa da cidadania”), de outro, as promessas de Merlo pela melhoria dos serviços consulares e para, por exemplo, a instalação das agências consulares do Espírito Santo e Santa Catarina. https://youtu.be/1YgbWVwdhZI Uma visão da qual também participa o coordenador do Maie no Brasil e presidente do Comites PR/SC, advogado Walter Antonio Petruzziello, que se encontra residindo em Roma temporariamente. Ele enviou mensagem gravada a Insieme, onde observa que a recondução de Merlo pode ter importância maior que a primeira nomeação. “Havia muita controvérsia entre algum partido (o PD) e o Maie; esse partido agora faz parte do governo, portanto, teremos que estar unidos para o bem e em benefício dos italianos no exterior”. Essa nomeação, ainda segundo Petruzziello diz acreditar, poderá dar continuidade aos assuntos “que nós já vínhamos tratando há algum tempo, como a instalação das agências consulares de Vitória e Florianópolis, que estava meio ‘dormiente’; esperamos que esse assunto possa ser retomado para o bem de nossa comunidade”. Ricardo Merlo, segundo Petruzziello, tem conhecimento de nossos problemas, “principalmente sobre o comportamento de alguns cônsules e consulados no tratamento à nossa comunidade”. Com Merlo no governo, aduziu, “devemos tratar desses assuntos”, pois é alguém eleito no exterior que tem conhecimento, com quem “temos apreço e com o qual se pode falar abertamente inclusive sem problema de agenda”. Insieme tentou ouvir sobre a nomeação outras lideranças, como o próprio deputado Fabio Porta e o deputado Luis Roberto Lorenzato (este se absteve de votar a confiança ao novo governo, pois, segundo informou, estava hospitalizado), mas até o fechamento dessa matéria não obteve resposta.

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