A página do consulado de Curitiba, às 13:57 de hoje, ainda mantinha a exigência do novo roteiro da cidadania. (Reprodução)

“No consulado informam que não foram avisados de nada. Nós, que fomos convocados nessa chamada, não sabemos quais documentos apresentar”.


 

Apesar da afirmação reiterada do subsecretário da Farnesina para os italianos no mundo, senador Ricardo Merlo, de que a aplicação do ‘vademecum da cidadania’ foi suspensa, o Consulado Geral da Itália em Curitiba continua aplicando as normas que obrigam enfileirados a refazer documentos antes não exigidos.

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Ao tentar saber o que, de fato, está acontecendo, a redação de Insieme descobriu que o assunto vem sendo tratado a boca pequena entre as principais lideranças da comunidade italiana, ou seja, presidentes de Comites – ‘Comitati degli Italiani all’Estero’, Intercomites, mas ninguém tem uma explicação plausível para o fato.

Uma fonte chegou a argumentar que as decisões anunciadas pelo Intercomites não foram formalizadas ao titular do consulado da Itália em Curitiba, “sendo possivelmente essa a razão da aparente ‘desobediência’ do cônsul”. Outra fonte vai além, e descreve aquilo que seria um jogo de braço entre alas antagônicas da própria Farnesina (Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional – Maeci): “os termos do ‘vademecum’ foi decidido pelo Maeci, e dificilmente uma decisão de Merlo irá prevalecer, pois a intenção é, mesmo, estancar as torneiras da cidadania”.

Consultado ontem sobre isso, o senador Merlo respondeu laconicamente a Insieme, repetindo apenas o que já dissera antes, isto é, que um novo roteiro “sarà consensuado coi Comites” (será realizado em consenso com os Comites). Hoje o senador ainda não tinha retornado sobre um novo questionamento que lhe foi feito.

Da parte do Intercomites, Insieme constatou que existe a preocupação pelo fato de o consulado de Curitiba, exatamente o pivô principal de toda a questão, continuar impondo as normas do vademecum desautorizado publicamente pela autoridade da Farnesina.

O grupo de três mil nomes que foi convocado na segunda-feira deveria ter sido chamado em novembro, e a maioria já estava com a documentação pronta seguindo normas anteriores. Alegando o advento de um roteiro único, a autoridade consular com jurisdição sobre o Paraná e Santa Catarina suspendeu a convocação, fazendo-a agora, já com as novas normas que obrigam ao refazimento de muitos documentos, quer por novas exigências, quer por terem perdido a validade diante dos novos prazos instituídos.

O fato gerou muitos protestos e o próprio Intercomites tomou a dianteira para condenar pelo menos alguns aspectos do novo roteiro. Enquanto isso, crescia o volume de críticas de interessados que chegavam a contabilizar os prejuízos econômicos com a medida.

Nas redes sociais, as manifestações são muitas, todas elas inconformadas com as informações desencontradas que passaram a circular após o anúncio do Intercomites e de Merlo de revogação do novo roteiro. Luiz Fernando Romão, por exemplo, escreve a Insieme para dizer: “Precisamos cobrar das autoridades responsáveis pela suspensão do novo roteiro de reconhecimento da cidadania, alguma publicação oficial. No consulado informam que não foram avisados de nada. Nós, que fomos convocados nessa chamada, não sabemos quais documentos apresentar. Precisamos de respostas de Merlo, Embaixador ou de alguém responsável, já que com o todo poderoso Festa, não tem dialogo e nem comunicação!”