A petição não é jurídica e, sim, é um instrumento para demonstrar a “força e o engajamento” que nossa comunidade italiana tem sobre as questões ligadas à cidadania italiana ‘iure sanguinis’. Por isso, é interessante que todos que têm sangue italiano assinem o documento que será encaminhado às autoridades italianas, principalmente aos juízes da Suprema Corte que dia 12 de julho próximo iniciam importante julgamento que, positiva ou negativamente, diz respeito a todos os ítalo-descendentes de todo o mundo.

A petição referida é a que pode ser vista aqui, e a explicar o que ela significa está o advogado Cristiano Girardello, autor do documento que na tarde deste sábado já estava com mais de 1.100 assinaturas. “Se a nossa comunidade se calar, não resistir, não se demonstrar ávida desses resultados, nós poderemos ser sacrificados no silêncio da noite”, afirma Girardello em tele-entrevista concedida a Insieme.

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O advogado argumenta que “do lado de lá” existe há muito tempo um lóbi para diminuir, restringir e até acabar com o direito dos ítalo-descendentes. Então é justo que “do lado de cá” também haja reação, demonstração de interesse e resistência. “Não vamos apanhar calados, não vamos ver as coisas acontecendo à nossa revelia, temos o direito de nos manifestar, vamos nos manifestar através de todos os meios possíveis”, disse Girardello. O processo decisório da ‘Corte di Cassazione’ não pode estar sob influência somente dos argumentos jurídicos e do lóbi político que está sendo feito pela ‘avvocatura dello stato”.

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Para assinar a petição no Avaaz, clique sobre a imagem (reprodução)

“Precisamos ter paridade de armas”, aduz o advogado. E mais: “é preciso dar aos magistrados ideia de nosso tamanho, nossa capacidade de mobilização, nossa força, nossa vontade… e o momento é este. Há pessoas diminuindo a importância dessa decisão”. Ou achando que “isso é terrorismo”. Esta – diz Girardello – “é a decisão do século para a cidadania italiana”

Segundo o advogado, os juízes da Corte de Cassazione têm noção que este assunto atrai a atenção de muita gente, “tanto que anteciparam a data do julgamento”. A importância atribuída ao julgamento também está no fato de que ele vai ser tomado pelas Seções Cíveis Unidas que reuniram-se, pela última vez, ao que se tem conhecimento, em 1983, quando houve a decisão sobre a questão da cidadania pelo lado materno. Ele diz que também confia no Judiciário italiano, mas que não abre mão de exercitar sua cidadania, assim como todos deveriam fazer.

Depois de enumerar outras considerações sobre as possibilidades de um julgamento adverso na Suprema Corte italiana como, por exemplo, a hipótese da remissão do problema aos consulados para o desafogo do Judiciário, em função do quadro que se desenhou ultimamente sobre o tema Girardello observa: “Sem luta política nós corremos o risco de morrer na praia. E depois não adianta chorar”.