Tem consulado que está comprando “móveis de luxo” com o dinheiro destinado ao atendimento das “filas da cidadania”, denunciou o deputado Fabio Porta (PD) ao participar do debate “4 Chiacchiere Insieme” realizado na noite de ontem sobre as “Possibilidades do Prenot@ami”. O uso dos recursos obtidos com a cobrança da “taxa da cidadania” tem destinação definida por lei.

“Não quero citar casos específicos – disse o parlamentar eleito na América do Sul para o Parlamento italiano -, mas existem casos de uso dos 30% para comprar móveis de luxo ou até para outro tipo de serviço que não tem nada a ver com a melhoria dos serviços consulares e, principalmente, com a redução das filas”. Segundo o parlamentar, “temos a obrigação de fiscalizar a aplicação dessa verba”.

PATROCINANDO SUA LEITURA

O debate promovido pela revista Insieme aconteceu na sequência da revelação, feita dias antes, de que o sistema de agendamento chamado Prenot@mi tem funcionalidades que não estão sendo utilizadas pelos consulados italianos que operam no Brasil, entre as quais a inscrição na fila de espera para o agendamento de passaportes – uma das constantes reclamações dos cidadãos italianos já reconhecidos formalmente.

O sistema Prenot@mi, como é sabido, não goza de muita simpatia por parte do público usuário. São muitas as críticas, inclusive porque permite a ação dos ditos robôs contra os quais pouco ou nada pode o cidadão comum ou os que não podem ou não querem pagar por serviços de terceiros. E também por não permitir o registro ou documentação das múltiplas (às vezes milhares) tentativas de agendamento por parte dos cidadãos.

O sistema, entretanto, conforme revelou o técnico em desenvolvimento de sistemas Eduardo Alves da Silva, permite tudo isso…. permite inclusive a fila de espera dos que não são bem sucedidos. O problema é sua customização, isto é, a configuração para permitir que ele faça isso. O debate procurou questionar a razão de nossos consulados não permitem a fila de espera, por qual motivo não ligam o captcha contra a ação dos robôs e, também, não permitem o agendamento múltiplo e o agendamento para terceiros.

Além do deputado Fabio Porta e Eduardo Alves da Silva, o evento teve a participação do sociólogo e representante do Brasil no CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero Daniel Taddoni, dos advogados Luciana Laspro e Cristiano Girardello, do administrador de empresas Felipe Vago e, no final, da também representante do Brasil no CGIE, Silvia Alciati.

Devido a alguns problemas técnicos apresentados durante a transmissão ao vivo, o vídeo que acompanha esta matéria foi editado. Nele o deputado Fabio Porta foi questionado sobre diversos outros problemas que envolvem os serviços dos consulados italianos e, admitindo que em muitos casos as mudanças operadas contribuem apenas para piorar os serviços, assumiu o compromisso de levar ao Parlamento e às autoridades competentes.