Dramaturgo Roberto Innocente em imagem de 14 de março de 2019 (Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme)

“Nosso amado Roberto acaba de nos deixar. Faleceu há pouco”. A informação é de Jocelaine Carvalho, companheira do dramaturgo, cenógrafo, diretor e ator Roberto Innocente, que diariamente vinha compartilhando com amigos do artista as informações médicas sobre seu estado de saúde. Innocente se encontrava internado em UTI do Hospital Angelina Caron desde o dia 25, onde lutava contra complicações causadas pelo vírus Covid19.

O corpo do artista nascido na cidade vêneta de Pádova, em 22/06/1957, será cremado amanhã, em horário ainda não determinado, no crematório Perpétuo Socorro. A causa da morte, segundo informa Jocelaine, foi “insuficiência renal aguda e respiratória. Pneumonia viral covid”.

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O italiano Roberto Innocente, que durante os últimos anos escrevia uma coluna mensal na revista Insieme sobre arte e cultura, veio para o Brasil há 15 anos, a convite do amigo e maestro Alessandro Sangiorgi, então diretor da Orquestra Sinfônica do Paraná, para dirigir “La Boheme”, no Teatro Guaíra. Aqui acabou ficando e fundou a “Arte da Comédia”, uma companhia especializada em ‘commedia dell’arte’.

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Três vídeos para saber mais sobre Roberto Innocente e sua obra.

Mestre em Artes Cênicas, dominava como poucos o mágico mundo do teatro, com predileção para o teatro popular. Inúmeras peças foram encenadas em ruas e praças públicas de Curitiba. Deixa dois filhos menores: Fernando e Marisa, ele nascido em 2006 e ela em 2010.

Antes de ser transferido para o Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba, por iniciativa do Consulado Geral da Itália e do Comites PR/SC, Innocente permaneceu alguns dias sob atendimento da UPA – Unidade de Pronto Atendimento do Cajuru, em Curitiba, com os primeiros sintomas do Covid19. “Acho que não vou conseguir o artigo deste mês. Estou em hospital com covid”, escreveu ele no início da manhã do dia 23 ao editor da revista. Na verdade, ele já estava ali há cinco dias. “Espero melhorar, sim”, dizia Innocente ao agradecer e dispensar oferta de ajudas.

“Janaína não seja boba”, final de espetáculo em 3 de março de 2019. Innocente no centro da primeira fila. (Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme)

Desde o início da pandemia, com o isolamento social imposto, Roberto Innocente passou a se preocupar com a classe dos artistas, principalmente daqueles ligados ao teatro e às artes cênicas, escrevendo diversos artigos sobre o assunto e chamando atenção para os problemas de ordem também econômica dos artistas independentes e sem salário fixo. Seu último trabalho, ao que consta, incompleto, foi montar um “manual mínimo de ‘Commedia dell’arte’.

Anteriormente, o artista tentou realizar um catálogo dos artistas italianos que vivem de arte no Brasil, com o objetivo de sensibilizar consulados e a Embaixada da Itália no Brasil a emprestar mais apoio à classe. Ano passado, foi contratado pelo Consulado da Itália em Belo Horizonte para uma série de palestras sobre artes cênicas durante a Semana da Língua Italiana.

Com o maestro Sangiorgi, Innocente montou a opereta “Janaína não seja boba” e, segundo ambos anunciaram na época, estavam trabalhando numa ópera rock.