Pedindo “desculpas por falhas ocorridas”, e citando, dentre elas, a “taxa administrativa” cobrada aos inscritos para o custeio de despesas administrativas, a correspondente consular em Jaraguá do Sul, Iria Tancon, encaminhou nota à redação de Insieme assumindo pessoalmente toda a responsabilidade pela organização do evento denominado “passaporte itinerante”, marcado para sexta-feira e sábado próximos na sede do Círculo Italiano de Jaraguá do Sul.
Em sua defesa, a correspondente consular disse que interpretou a “taxa administrativa’ cobrada pelo Círculo “erroneamente, como totalmente desvinculada do serviço consular”.
“Gostaríamos de pedir desculpas por falhas ocorridas no processo de organização (questão da taxa administrativa do Círculo, que interpretei, erroneamente, como totalmente desvinculada do serviço consular), inteiramente de nossa responsabilidade” escreveu Tancon.
Iria Tancon explica que “toda ação foi feita com a intenção de prestar o melhor serviço dentro de toda transparência”, e que “temos certeza que os bons frutos o atestarão”.
Tancon inicia sua nota dizendo que reconhece o “grande passo dado com a iniciativa do ‘passaporte itinerante’ no sentido de resolver o problema das longas filas de espera”, e que gostaria de “registrar publicamente a gratidão da comunidade italiana da nossa região de Jaraguá do Sul ao Sr. Cônsul [da Itália] que viabilizou este importante serviço (com gratuidade total)”.
Antes de enviar a nota, no começo da tarde, Iria Tancon conversou, ainda na parte da manhã, com o editor da revista Insieme e explicou que ela responde apenas pela parte que lhe cabe, isto é, os 75 inscritos de Jaraguá do Sul, não podendo responder pelos outros 75 inscritos através de sua colega correspondente consular da região de Timbó e Blumenau, embora ela acredite que o procedimento tenha sido o mesmo.
O fato gerou denúncia junto à Embaixada da Itália em Brasília, com a insurgência de cidadãos contra a cobrança de uma “taxa” de R$ 120,00 por serviços administrativos prestados na obtenção do passaporte italiano, exigência prévia ao valor que o consulado cobrará na hora da entrega do documento, que atualmente está fixado em pouco mais de 400 reais (ao que consta, exatos R$ 431,00).
O assunto começou a gerar polêmica a partir de uma entrevista concedida a uma rede de televisão, no início de novembro, pela correspondente consular em Timbó e Blumenau, Norma Maria Da Rui. No domingo que passou, a mesma correspondente foi entrevistada pela Revista Insieme e, ao final do vídeo-entrevista, recusou-se a confirmar ou desmentir a cobrança da ‘taxa’ extraordinária, deixando dúvidas no ar. Na segunda-feira, foram ouvidas tanto Iria Tancon, quanto Eunice Dellagnolo, que confirmaram a cobrança do valor no ato de inscrição dos interessados em benefício do Círculo Italiano de Jaraguá do Sul. O assunto foi levado ao titular do Consulado Geral da Itália em Curitiba pela própria redação de Insieme, que buscava saber se a cobrança fora autorizada pela autoridade consular ou não, e se o consulado garante apoio logístico a operações do gênero, mas ele não quis se pronunciar sobre a matéria.
O processo chamado ‘passaporte itinerante’ consiste no deslocamento de funcionários do Consulado Geral para áreas mais afastadas de sua sede que estão autorizados a colher e digitalizar documentos e demais procedimentos exigidos para e emissão do passaporte a cidadãos regularmente reconhecidos e inscritos. É, como ocorre na sede central, um serviço gratuito e vinculado à cobrança única do documento, no ato da sua entrega ao cidadão.
A grande procura revelada pelo ‘passaporte itinerante’ já nos eventos realizados no Sul de Santa Catarina e, agora, nos Vales do Itapocú e do Itajaí, decorre também das dificuldades cada vez maiores que os cidadãos italianos, principalmente no Brasil, estão encontrando para fazer agendamento no serviço chamado “prenota on line”, isto é, o agendamento eletrônico para a emissão do documento italiano de viagem.
Recentemente, o próprio cônsul geral da Itália em Curitiba, Raffaele Festa, classificou o serviço de “monstro informático” e há pouco tempo a deputada Renata Bueno disse conhecer bem o fenômeno, explicando que comerciantes de vagas conseguem ‘derrubar’ o serviço em proveito próprio para, depois, vender as vagas asseguradas a terceiros ou, simplesmente, se não preenchidas, desprezadas. A parlamentar disse também que o caso teria sido levado à investigação policial para se chegar à punição dos responsáveis.
Informações correntes nas redes sociais dão conta de que uma vaga está sendo vendida por atravessadores por montantes que vão de 1.000,00 a 1.500,00 reais, fato que passou até a embasar argumentos em defesa da cobrança da “taxa” de R$ 120,00 no caso de Jaraguá do Sul.