“Queremos estimular o consulado a entender quais são nossos problemas e verificar se existe a possibilidade de melhorar a situação; queremos colocar o Comites como algo que possa colaborar de forma positiva com o consulado, sempre com o objetivo de melhorar os serviços consulares para benefício da comunidade italiana que vive em Minas Gerais”.

Esta, em linhas básicas, é a proposta geral do grupo de 16 cidadãos organizados em torno da chapa ‘Italianità in movimento’, nas palavras de Fabio Fasoli, um italiano nascido em Milão, há muitos anos residente em Belo Horizonte, onde mantem uma empresa que presta serviços na área de cidadania. A chapa encabeçada por Fasoli é uma das três (as outras são “Giustizia e libertà’ e ‘Cittadinanza attiva’) que disputam a eleição para o Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ da circunscrição consular de Belo Horizonte.

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O processo eleitoral para os Comites em todo o mundo será por correspondência, e será encerrado em 3 de dezembro próximo, data-limite para os votos retornarem aos consulados. Poderão votar apenas os cidadãos italianos devidamente inscritos no Consulado e no Aire (cadastro geral dos italianos residentes no exterior) que solicitarem o envio do material eleitoral até o próximo dia 3 de novembro.

Na vídeo entrevista concedida à revista Insieme na manhã de hoje (dentro de uma série em desenvolvimento sobre o processo eleitoral dos comites no Brasil), Fasoli expôs em linhas gerais as propostas que norteiam a chapa, com ênfase para uma representação mais comprometida com as principais reivindicações e questões que envolvem a comunidade ítalo-mineira.

Sem fazer críticas ao passado, Fasoli disse que o Comites precisa se empenhar mais nas questões que interessam de fato aos cidadãos italianos (também aqueles ainda “fantasmas” para a Itália, pois ainda sem o reconhecimento formal de sua cidadania) para mudar a imagem alimentada pelo próprio consulado quando apresenta o Comites como “um canal que organiza festas”.

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“Nosso interesse é de ser propositivo e de estimular construtivamente o consulado, mostrando que o novo Comites não é um conjunto de figurinhas com cartão de visita escrito em cima ‘Conselheiro do Comites’, mas um grupo de trabalho que quer contrastar constantemente com o consulado, fazendo propostas sem criar brigas, mas criando mesas de trabalho que tenham como objetivo sempre o bem estar da comunidade”, disse Fasoli na entrevista.

Segundo Fasoli, se há deficiências consulares há, também, do outro lado, isto é, da parte dos cidadãos que, às vezes, não se esforçam por aprender o mínimo da língua italiana e também não cumprem com seus deveres básicos como cidadãos italianos. Esse trabalho que ele diz pretender fazer perante o consulado, será também feito – conforme advoga – também perante os cidadãos. O estímulo ao aprendizado da língua italiana, portanto, é uma das prioridades. “Tudo precisa e deve ser melhorado de forma recíproca”, arremata Fasoli.

O cabeça da chapa ‘Italianità in movimento’ em Minas Gerais (o movimento tem chapas disputando também nas jurisdições consulares de Brasília, Recife, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo) discorreu também sobre a tese da Grande Naturalização brasileira, ressuscitada pela advocacia do Estado italiano, como uma forma obstativa ao reconhecimento da cidadania ‘iure sanguinis’ perante os tribunais italianos. Essa tese, segundo Fasoli, “foi colocada para bloquear o atendimento da grande demanda existente no Brasil”. Contrariamente à recomendação de alguns consulados, ele entende que os Comites precisam se ocupar, sim, do tema. Veja a entrevista concedida por Fabio Fasoli.