u CURITIBA – PR – Um dos expoentes da arte moderna e contemporânea, Maria Bonomi é sinônimo de gravura no País. Apontada entre ícones como Oswaldo Goeldi (1895-1961), Lívio Abramo (1903-1992) – seu grande mestre – e Fayga Ostrower (1920-2001), Bonomi é uma das principais artistas a manter viva a tradição da gravura no BrasilO Museu Oscar Niemeyer abre a exposição “DE VIÉS”, para jornalistas e convidados, nesta quinta-feira (25), às 19h. O público poderá visitar a mostra entre 26 de outubro e 17 de fevereiro de 2008.

PATROCINANDO SUA LEITURA

Com 71 anos e uma vitalidade invejável, ao longo de mais de 50 anos de trabalho, a artista construiu um respeitável conjunto de obras. Em incessante processo de produção, Maria Bonomi reúne xilogravuras, litogravuras e gravuras em metal, além de assinar grandes painéis, esculturas, instalações, pinturas, figurinos, cenários e obras públicas, cada vez mais numerosas. Para esta mostra, o curador Francisco Bosco, junto com Bonomi e sua equipe, selecionou peças que representam todas as fases de trabalho da artista. Entre elas estão xilografias, litografias e calcografias, esculturas em alumínio, latão e bronze, instalações e projeções de arte pública. Os projetos de arte pública da gravadora têm significado especial dentro de sua produção: marcam todo sentido cívico e social que a artista imprime em sua obra.  

 “A proposta da exposição é passional, fico agindo como voyer de mim mesma, externa ao meu percurso. Portanto, me ocupo das “cenas mais picantes”, das imagens que foram elaboradas em circunstâncias temáticas profundamente inseridas em seu momento de feitura. Enfim, é uma seleção da produção feita ao longo da carreira em que não se escolhe algo pela repercussão que teve, mas pela dinâmica incontida até hoje”, explica Bonomi. A artista complementa que “assim segue-se o fio condutor do inesperado, porque sempre foi ele quem falou mais alto. A mensagem seria a de que meu processo de criação sempre pertenceu ao fazer, ao viver e ao sentir. Com prazer. Todas as intuições redirecionais e os ingredientes presentes são sempre de viés”.

As obras

Maria Bonomi, que já participou de mostras coletivas e teve uma individual em Curitiba, entre 1980 e 2000, apresenta agora algumas peças totalmente desconhecidas do público curitibano. Entre as obras há grandes xilografias –“Tetraz”–, já apresentadas na China, na Europa e nos Estados Unidos; além de uma instalação premiada na Trienal de Gravura, em Praga, em 2001. Bonomi chama a atenção para a série de metais gravados e fundidos, como “Layers of Love”, que estão suspensos na montagem e constituem uma das principais atividades a que tem se dedicado nos últimos anos.

 “Acredito que possam ser destacadas também algumas gravuras, que estranhamente estiveram ausentes em outras mostras, até de pequenas tiragens, as que têm a primazia do ‘anúncio’. São aquelas que, como “Gengivas à mostra”, são provocações incipientes que iniciam fases depois mais conhecidas.” E como fio condutor de toda sua obra está a dimensão social da arte. Ela diz que sempre se interessou pelas questões documentais e políticas e que “somente a arte pode protagonizar a intensidade dramática da nossa vida. Sua dimensão social e cívica pode discutir questões éticas e, ao mesmo tempo, ligar a imagem a uma visibilidade de emoção”.

Por isso, Bonomi é inquieta em sua arte, está sempre buscando agregar conhecimento e, sobretudo, “vivências dentro da obra”. “A prática em arte precede a teoria. É uma grande busca resultante em um trabalho duro para descobrir como provocar reações espontâneas e experiências intermináveis. Os materiais me fazem perguntas e eu faço também perguntas aos materiais que uso; correspondo e questiono. Há um diálogo em sintonia com a matéria e sua ‘ação’. Busco a clareza, mas nunca contei com uma obra pronta; não tenho uma obra finita. O que estou apresentando faz parte de um processo contínuo. A percepção do infinito está dentro de nós.”

Percepção que a gravadora tem marcado também seus grandes projetos de arte pública, que para ela é muito “gratificante” pelo retorno que recebe do público. “As obras de arte pública se encontram em diversos lugares muito ou pouco conhecidos, mas bastante freqüentados e que, quase sempre, retiram da indiferença os transeuntes. (…) A arte não é conciliatória; ela é a busca do equilíbrio na instabilidade.”    

           

Serviço Exposição:       

DE VIÉS

Abertura Convidados: 25 de outubro, às 19h

Abertura Público: 26 de outubro

Período de Exibição: até 17 fevereiro 2008

Patrocínio: Sanepar

Apoios: Governo do Paraná, Ministério da Cultura e Caixa Econômica Federal

Onde: Museu Oscar Niemeyer

Endereço: Rua Marechal Hermes, 999

Centro Cívico – CEP: 80530-230

Telefone: (41) 3350-4400

Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h

Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes

(Não pagam crianças de até 12 anos, maiores de 60 anos e grupos agendados de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental)