Observando que até hoje “não houve um trabalho articulado entre os eleitos na América do Sul para se discutir uma agenda política propositiva que se situe acima das diferenças partidárias ou personalistas”, o senador Fausto Longo (PSI), em sua avaliação sobre o protesto do dia 12 diante do Consulado Geral da Itália em São Paulo, disse que ali não viu uma “manifestação quantitativamente grandiosa”.

“Ao contrário – disse o senador que compareceu na Avenida Paulista “como cidadão” e “como parlamentar eleito” – cerca de 150 pessoas representam muito pouco em relação ao milhares de “enfileirados”. Os promotores do evento falam entre 400 e 500 pessoas que, provenientes de diversas cidades, compareceram para manifestar descontentamento com relação aos serviços consulares italianos.

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Mesmo assim, para ele, que observa ter sido ignorado pelos organizadores (“estranhei a decisão de não citar nossa presença e participação, evitando, inclusive, nossa fala”), houve um lado positivo: “o sentido que considero positivo foi o da qualidade de pessoas interessadas em promover mudanças. Esse é um fator importante que enaltece o evento e cada participante”.

Sobre a desunião provocada pelas “diferenças partidárias ou personalistas” entre os parlamentares eleitos, Longo sentencia: “Somos poucos. divididos, perdemos força”. Instado pelo editor da revista Insieme a se pronunciar sobre o protesto do dia 12, o senador respondeu:

“Como já havia exposto nos depoimentos anteriores, apoiamos toda e qualquer manifestação que tenha como objetivo demonstrar o descontentamento com a qualidade ou agilidade dos serviços públicos ou, ainda, contestar práticas excessivamente burocráticas, bem como, reivindicar melhorias no atendimento aos usuários desses serviços.

Procurei, pelos meios que dispunha, divulgar e estimular a participação de todos. Estive lá porque já somos poucos nessa luta e, nesse contexto, creio indispensável estarmos unidos nessa batalha que, no meu entendimento, deve se concentrar na solução de duas questões essenciais, a primeira que o governo cumpra efetivamente o que reza nossa constituição em relação ao reconhecimento da cidadania, sabendo-se que para isso é necessário liberar os recursos já arrecadados que podem, se bem aplicados, resolver a questão de reestruturação da rede consular, permitindo evoluir positivamente na qualidade dos serviços, em segundo, trabalharmos de forma harmônica, a comunidade, associações, patronatos, Com.It.Es, CGIE, as mídias e os parlamentares para eliminarmos a ausência de compreensão, conhecimento e, por vezes, até mesmo respeito à nossa história e a de nossos antepassados, na própria Italia e junto aos italianos.

Até hoje, com exceção de alguns rápidos encontros no CGIE [‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’, NR], não houve um trabalho articulado entre os eleitos na América do Sul para se discutir uma agenda política propositiva que se situe acima das diferenças partidárias ou personalistas. Ao contrário, assisto a cada dia, mais ataques agressivos, e inúteis, do que tentativas de um trabalho articulado.

Não foi, como pudemos testemunhar, uma manifestação quantitativamente grandiosa, ao contrário, cerca de 150 pessoas representam muito pouco em relação ao milhares de “enfileirados”, mas o sentido que considero positivo foi o da qualidade de pessoas interessadas em promover mudanças. Esse um fator importante que enaltece o evento e cada participante.

Nossa presença teve dois objetivos, o primeiro a participação pura e simples, como cidadão, a segunda, como parlamentar eleito, levando apoio à causa e, ao mesmo tempo, para ressaltar a importância dessa iniciativa ser originada num partido político e visando a promoção de possíveis candidaturas, afinal esse deve ser o sentido do processo democrático, permitir que os cidadãos possam exercer seus direitos de representar e conhecer aqueles que se disponham a representá-los.

Estranhei a hesitação dos dirigentes e parlamentares que organizaram o evento e, da mesma forma, estranhei a decisão de não citar nossa presença e participação, evitando, inclusive, nossa fala que, evidentemente, seria de apoio à iniciativa e de estímulo aos novos pretendentes. Vamos em frente! Somos poucos, divididos, perdemos força.”