“Espero que os ‘oriundi’ me votem para eu poder contribuir, com muita verdade, com o conteúdo que eu tenho, que é o esporte, pois, como o Mandela falou, o esporte tem a força de mudar o mundo, de mudar as pessoas. Então eu quero levar o esporte para os ‘fratelli d’Italia’” em toda a América do Sul”. Fala livremente e bem humorado o ítalo-russo-brasileiro multi campeão das Fórmulas 1, Indy, Emerson Fittipaldi, ao confirmar sua candidatura ao Senado nas eleições parlamentares italianas do dia 25 de setembro próximo.
Fittipaldi concorre pelo partido de centro-direita Fratelli d’Italia, com cujo ideário disse que concorda plenamente. O convite que lhe foi feito pela presidente do partido, Giorgia Meloni, significou – como ele diz – o correspondente a uma assinatura de contrato com a McLaren ou Ferrari. “Estou no time certo para entrar na política, encaixou tudo” – disse ainda.
Os eleitores italianos esparsos pelo mundo também votarão, mas por correspondência. Na América do Sul serão eleitos um senador e dois deputados. Fittipaldi faz “dobradinha” com o es-deputado Luis Roberto Lorenzato, candidato à reeleição pela Lega, de quem é amigo “há mais de trinta anos”.
O empresário ex-piloto se encontra por esses dias na Itália (Desenzano – Lombardia) e na tele-entrevista por vídeo que concedeu com exclusividade para a revista Insieme, ele disse respeitar as opiniões de todos, mas não concorda com inverdades como as publicadas em alguns jornais ligando-o ao fascismo, “coisa do passado, que não existe mais”. “Respeito todas as ideologias, mas por favor não inventem mentiras. Isso já foi enterrado há muitos e muitos anos atrás… isso foi uma tragédia do ser humano que aconteceu e nunca mais vai acontecer”, disse Fittipaldi.
“Deus dá talento a todo o ser humano. Alguns passam a vida e nunca descobrem o talento que lhe foi dado. Eu descobri o meu talento no esporte e espero que Deus me dê uma sabedoria na política, mais do que um talento. Espero ter sabedoria. A verdade e a sabedoria têm que ser parte do meu futuro. Se eu entrar naquele palácio fantástico, vai ser um dia de muita emoção para mim”, disse Fittipaldi no final da entrevista.
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A conversa com o candidato teve momentos emocionantes, como quando ele falou de sua mãe, que teve que deixar a então Rússia (ela nasceu em Kiev) quando tinha sete anos: “Bateram correndo na casa de minha avó e do meu avô e falaram: vocês têm que sair até amanhã, porque a revolução comunista vai matar vocês. Vocês escolhem. Eles tinham casa, família, perderam tudo. Dois meses de carroça até Hamburgo… minha mãe tomava sopa de capim no inverno…”, conta o candidato.
A família italiana de Fittipaldi é originária de Trecchina, província de Potenza, no sul da Bota. Na entrevista ele fala sobre suas ligações com a Itália de hoje, inclusive seu relacionamento com autoridades como o ex-presidente do Conselho de Ministros, Silvio Berlusconi, de quem se diz admirador. O ex-piloto se declara um intransigente defensor do ‘ius sanguinis’ por, segundo ele, entre outras coisas, simbolizar também os valores e tradições transmitidos através do núcleo familiar – “a única instituição que Deus inventou na terra”. Questionado sobre sua familiaridade com a língua italiana, ele respondeu em italiano.
Fittipaldi falou também sobre serviços consulares e contou que, em função de dificuldades na obtenção/renovação do passaporte italiano em São Paulo, ele foi obtê-lo nos Estados Unidos, onde o volume de ‘oriundi’ é menor. A entrevista completa que pode ser vista no vídeo que acompanha esta matéria será publicada na próxima edição da revista Insieme.