Um novo sistema, já no ano que vem, para dar cabo às filas da cidadania em países como Brasil, Argentina e Venezuela. Este foi o anúncio feito pelo subsecretário da Farnesina para os Italianos no Mundo, Ricardo Merlo, durante entrevista exclusiva que concedeu à revista Insieme, à margem do XIV Encontro de Coordenação do Sistema Itália no Brasil, realizado recentemente em Curitiba. “Precisamos pensar, sobretudo, em países como o Brasil, Argentina e Venezuela, sobre como vamos começar a resolver a questão das filas da cidadania. Esperamos [que] isso [ocorra] no ano que vem”, disse Merlo.

Senador no Parlamento Italiano e presidente do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’, Merlo não explicou como será esse sistema, mas falou também sobre outros assuntos, dizendo-se “bastante contente” com os progressos na emissão de passaportes pela maioria dos consulados, excetuando Curitiba, onde os prazos ainda são longos demais. “Estou bastante satisfeito sobre a questão dos passaportes. Antes era quase impossível renovar um passaporte”. “Precisamos resolver a questão de Curitiba, que não funciona”, disse o subsecretário do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional.

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Ele censurou também em tese a atitude do cônsul de São Paulo que, recentemente, conforme o site da Revista Insieme publicou, escreveu uma carta a um prefeito na Itália alertando para as múltiplas solicitações de certificados de “Não Renúncia” por parte de ítalo-brasileiros, pedindo a colaboração do prefeito. Mas, de certa forma, Merlo também censurou o procedimento dos que vão à Itália para obter o reconhecimento da cidadania italiana declarando residência “fictícia” e depois retornando ao Brasil.

Hoje em Roma, Merlo recebeu o novo embaixador da Itália para o Brasil, Francesco Azzarello, cuja aprovação pelo Conselho de Ministros foi noticiada em primeira mão aqui no site da Revista Insieme, ainda em outubro, seguindo-se a notícia, também exclusiva, da aprovação do ‘agrément’ pelo Itamarati. Com Azzarello, segundo um comunicado à imprensa, Merlo falou da “situação política, econômica e social”, com ênfase na “importância da grande comunidade italiana residente no em terra brasileira”.

Conforme se pode verificar no vídeo (legendado em português, é só acionar o dispositivo) contendo a entrevista, Merlo procurou fugir da afirmação realizada pelo embaixador Antonio Bernardini segundo a qual os consulados estão se valendo dos recursos oriundos da “taxa da cidadania” para despesas correntes, quando esse dinheiro seria exclusivo para resolver o problema das filas da cidadania desde que a taxa foi instituída, em julho de 2014. “Creio que cada um usa aquele dinheiro como acredita que seja mais oportuno”, disse Merlo.

Questionado sobre o chamado obstrucionismo consular (uso de exigências as mais diversas possíveis para dificultar o acesso ao reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue) O subsecretário disse não acreditar que isso ocorra. “Não, isso não acredito… de verdade, não. Talvez alguém… Mas eu não conheço a situação de todos”, disse o senador.

Em outro vídeo que publicamos anteriormente, Merlo condenou a tentativa de alteração do valor da taxa de 300 para 600 euros, conforme proposta dentro da proposta orçamentária do governo italiano para o próximo ano, que transita no Parlamento. Da mesma entrevista, outros dois vídeos publicaremos oportunamente.