“Vence o Maie, disso estou seguro, e depois acho que vai existir uma luta entre o centro-esquerda e talvez Usei, mas acho que Porta se elege deputado. Para nós, do Maie, não muda muito. Faremos um deputado e um senador na América do Sul e, acredito, também na América do Norte, para chegarmos ao novo Parlamento italiano com dois senadores e dois deputados”.

Esta é a previsão do ex-senador Ricardo Merlo, fundador e presidente do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ sobre o resultado eleitoral nas Américas para a renovação do Parlamento italiano. Pela primeira vez, o ítalo-argentino que foi também subsecretário de Estado para os italianos no mundo não concorre às eleições desde que foi criada a Circunscrição Eleitoral do Exterior (o primeiro sufrágio ocorreu em 2006).

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O voto fora da Itália, onde a eleição ocorrerá dia 25 de setembro próximo, acontecerá por correspondência. Na área da América do Sul serão eleitos dois deputados e apenas um senador. Os envelopes eleitorais deverão chegar no endereço dos eleitores logo no começo de setembro, contendo as cédulas e material explicativo sobre a eleição.

Com sua não candidatura, Merlo confirma assim promessa que vinha fazendo há algum tempo e explica que isso não significa que não irá trabalhar nessas eleições, nem abandonar a política italiana. Pelo contrário, sua estratégia, segundo diz em tele-entrevista exclusiva à revista Insieme, gravada na manhã de ontem (17/08) está vinculada a um projeto de “consolidação do Maie” nas Américas.

Apesar da denúncia de tentativa de fraude eleitoral levantada dias atrás por Fabio Porta (PD), ele acredita que “estas serão as eleições mais limpas até agora” exatamente em função do que ocorreu em 2018, que acabou com a deposição de Adriano Cario como senador. “Quem fez essa denúncia preventiva, agiu bem”, disse Merlo, aduzindo: “espero que a eleição seja limpa e que vença o Maie”.

O fundador do Maie não acredita em informações que circulam segundo as quais se a coligação de centro-direita vencer as eleições na Itália seria reinstalado o Ministério dos Italianos no Mundo (como à época do primeiro governo de Berlusconi, com Mirko Tremaglia como ministro). Mas entende que isso seria possível caso o novo governo precise do apoio do Maie para a formação de uma eventual maioria. Este seria também um requisito importante para que o Maie venha a integrar um governo, disse o ex-senador.

“Vou percorrer as Américas” – anuncia Merlo, “fazer aquilo que gosto, estar com as pessoas, visitar o meio associativo, encontrar os ítalo-descendentes” depois desses anos em Roma. “Farei mais política que antes”, diz ele ao ser questionado sobre seus projetos futuros.

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O ex-parlamentar também rechaça informações correntes que contrapõem brasileiros a argentinos, cujo colégio eleitoral é cerca do dobro do Brasil, ou vice-versa. Explica que são os fatos a desmentir que o jogo é armado para a Argentina ter vantagem: enquanto na Argentina concorrem dois candidatos à Câmara, no Brasil só existe um; e para o Senado encabeça a chapa uma ítalo-brasileira.

Ná vídeo-entrevista que acompanha esta matéria, Ricardo Merlo também fala do constante confronto entre expoentes do Maie e do PD. “Não dá para superar isso?”, foi a pergunta. O problema, segundo ele, está na natureza dos dois projetos: um, baseado num movimento que tem como objetivo único o interesse dos italianos que residem fora da Itália, suas associações seus problemas específicos; o outro, cujos objetivos são partidários amplos, nem sempre coincidentes com os interesses dos italianos no mundo.

Merlo termina a entrevista procurando incentivar a maior participação no processo eleitoral (“vote em quem quiser, mas vote!) e, no final, sugere aos eleitores ítalo-brasileiros que escolham Luciana Laspro para o Senado e Luis Molossi para a Câmara.