Luis Molossi, coordenador geral do Maie no Brasil, nega envolvimento nas críticas à página FB da Embaixada (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

“Este coordenador afirma oficial e definitivamente, que o Maie Brasil não organizou, participou, orientou ou mesmo incentivou os alegados ataques à página da Embaixada” no Facebook. A afirmação é o advogado Luis Molossi, coordenador do Movimento Associativo Italiani all’Estero no Brasil, que foi acusado pelo deputado Fabio Porta de estar instrumentalizando o descontentamento dos “enfileirados” que, com suas críticas e avaliações, provocaram o fechamento temporário da página da Embaixada da Itália no Brasil, no início do mês.

A página foi reaberta uma semana depois, mas sem as críticas iniciais, e recebendo nova saraivada de manifestações de descontentamento, onde os próprios internautas declaravam sua autonomia perante partidos políticos ou movimentos. O que algumas pessoas passaram a denominar “ataque” foi definido pela própria Embaixada como “uma série coordenada de protestos”.

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Este é o segundo pronunciamento do Maie a respeito. O primeiro foi do próprio presidente do Partido, o deputado ítalo argentino Ricardo Merlo, que também negou as acusações, preferindo assegurar que “atacam-nos porque começam a perceber qual será o resultado eleitoral” depois de três anos em vigor da ‘taxa da cidadania’ sem que os serviços consulares tenham apresentado alguma melhoria.

Segundo Molossi, “quando não há uma resposta adequada das autoridades aos problemas que se apresentam por vários anos e só tendem a se agravar, é natural que a comunidade passe a se manifestar com maior veemência e, evidente, a radicalização pode ocorrer”. Mas “nem o Coordenador do Maie Brasil, nem nenhum dos coordenadores regionais e nem mesmo qualquer dos apoiadores e simpatizantes, foram orientados a fazer qualquer tipo de ataque organizado às páginas da Embaixada, como parece estarmos sendo acusados pelo PD [Partito Democratico], na manifestação de seu representante no Brasil, On. Fabio Porta, em sua entrevista (08/06) à Revista Insieme”.

Entretanto, Molossi observa que, passados 30 dias das manifestações que o partido organizou em toda a América Latina em protesto contra o desmantelamento da rede consular italiana, incluindo o que chama “taxa Porta da cidadania” de 300 euros, “nenhuma resposta nos foi dada, de nenhuma das autoridades, exceto a crítica daqueles de defendem o governo atual e fingem protestar contra a mesma situação com as suas intermináveis e inócuas ordens do dia ou mesmo os abaixo-assinados on line que entendem ser o modo eficiente de resolver o problema”.

A manifestação de Molossi encaminhada à Revista Insieme, na íntegra, é a seguinte: “Passados 30 dias da manifestação que organizamos em toda a América Latina, com a entrega de um documento único em que o Maie denuncia e cobra providências do Governo Italiano, quanto ao tratamento dado aos atuais e futuros cidadãos italianos aqui residentes e à destinação de recursos arrecadados com a ‘taxa Porta da cidadania’ de Eu$ 300,00, no atendimento dos serviços prestados pela rede consular, ao mesmo tempo em que exime os Cônsules e empregados dos Consulados de responsabilidade pela precária e insolúvel situação, nenhuma resposta nos foi dada, de nenhuma das autoridades, exceto a crítica daqueles de defendem o governo atual e fingem protestar contra a mesma situação com as suas intermináveis e inócuas ordens do dia ou mesmo os abaixo-assinados on line que entendem ser o modo eficiente de resolver o problema.

E o silêncio destes 30 dias foi um sinal de respeito, no sentido de esperar o que nos seria respondido, dito, prometido, desculpado, enfim, a explicação que nossa comunidade poderia ter diante dos questionamentos que fizemos e das providências que exigimos.

Isto porque, nem o Coordenador do Maie Brasil, nem nenhum dos coordenadores regionais e nem mesmo qualquer dos apoiadores e simpatizantes, foram orientados a fazer qualquer tipo de ataque organizado às páginas da Embaixada, como parece estarmos sendo acusados pelo PD, na manifestação de seu representante no Brasil, On. Fabio Porta, em sua entrevista  (08/06) à Revista Insieme. E quem nos conhece sabe que expomos nossas ideias, cobramos posições das autoridades, discutimos soluções e políticas com objetivo de construir caminhos e pontes, sem jamais ofender, expor, desrespeitar ninguém, especialmente autoridades.

O que ocorre é que, diante de tantos problemas que só se avolumam e com a grande liberdade de expressão e aglutinação que as redes sociais permitem nos dias atuais, é natural que movimentos mais ou menos radicais possam causar algum constrangimento, sejam eles orquestrados ou mesmo espontâneos. Assim é que, este coordenador, afirma oficial e definitivamente, que o Maie Brasil não organizou, participou, orientou ou mesmo incentivou os alegados ataques à página da Embaixada, não havendo qualquer responsabilidade nossa nestes eventos, muito embora, parte das manifestações possam ser justas e absolutamente legítimas, como vimos frequentemente.

Quando não há uma resposta adequada das autoridades aos problemas que se apresentam por vários anos e só tendem a se agravar, é natural que a comunidade passe a se manifestar com maior veemência e, evidente, a radicalização pode ocorrer.

Da minha parte, prefiro manter a postura do diálogo, da liberdade e da cobrança de soluções. Neste particular, li recentemente um texto que exprime um pouco da minha postura, e que corresponde ao modo como entendo ser o correto na condução dos assuntos que, de alguma forma, me são desafiadores e aparentemente muito difíceis de solucionar: “… 6º – Sem liberdade, o ser humano se deprime, se asfixia, perde o sentido existencial. Sem liberdade, a gente se destrói ou destrói os outros. Jesus discorria sobre a liberdade de escolha, de construir caminhos, de seguir a própria consciência. Discursava sobre o gerenciamento dos pensamentos, a administração da emoção, o exercício da humildade, a capacidade de perdoar, a sabedoria de expor e não impor ideias, a experiência plena do amor pelo ser humano e por Deus. Nunca houve alguém tão desprendido e que exercitasse de tal forma a liberdade. Jesus viveu o que discursava”. Só Não Falei das Flores – Gilberto Maciel Santos, pg. 157.

O Brasil – onde vive a grande comunidade italiana que ocupa nossas atenções há muitos anos – está vivendo um momento de grave crise moral e política e, a julgar pelo comportamento dos agentes públicos tupiniquins, nos parece que a turba, inclusive a ítalo-brasileira, está exercitando seu poder de tentar resolver as coisas de qualquer modo, isto porque não vêm soluções a curto prazo e muito menos pessoas em condições de dar as respostas que esperam, como mencionei acima. Então, preparemo-nos para mais crise. E que venham as eleições!”