“Não sou celebridade nem estrelinha, não nasci em berço de ouro; sou uma simples trabalhadora pela comunidade italiana”. Assim se define a advogada Luciana Laspro, cabeça de chapa do Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero para o Senado nestas eleições para a renovação do Parlamento italiano. Uma de suas propostas é a criação de um serviço de ouvidoria em cada consulado, visando à melhoria do atendimento aos usuários..

Luciana é conselheira do Comites – Comitado degli Italiani all’Estero de São Paulo, tendo sido a mulher mais votada no Brasil, no pleito do ano passado. Nas eleições parlamentares de 2018, ela obteve mais de nove mil votos e dessa vez concorre com outros nomes para a mesma cadeira do Senado: Mario Borghese, dentro do próprio Maie e, além de outros candidatos de outros partidos na América do Sul,  no Brasil enfrenta Andrea Matarazzo (PSI) na coligação com o PD, e Emerson Fittipaldi (FDI) na coligação de centro-direita.

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Na video-entrevista que concedeu a Insieme dentro da série que procura ouvir todos os candidatos ítalo-brasileiros, Luciana dá ênfase à necessidade de melhoria dos serviços consulares – desde o atendimento preferencial e especial para idosos, que “nem sempre têm whatsapp para agendar” ou sequer sabem o que é Fast.it ou Spid (a identificação eletrônica que permite acesso a serviços públicos italianos), até mulheres grávidas e pessoas portadoras de alguma deficiência.

Em relação a alguns serviços, incluindo o atendimento à chamada ‘fila da cidadania’, ela aposta na tecnologia e, sobre esse assunto, ‘fuzila’ a taxa de 300 euros cobrada para o reconhecimento da cidadania ‘iure sanguinis’ , que promete lutar para abolir, pois, segundo ela, “é um absurdo cobrar por um direito” do cidadão.

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Luciana justifica sua militância dentro Maie, um movimento que não vai nem para a direita, nem para a esquerda, centrado que é nas questões e problemas que envolvem a comunidade italiana. “Se depender dos partidos políticos italianos – acentua ela – não iremos para lugar algum”.

Abaixo transcrevemos as principais propostas da candidata ao Senado, Luciana Laspro:

• 1- Redução de Fila de reconhecimento de cidadania: apoio a abertura de novos consulados e implantação de sistemas de tecnologia para desburocratização (reconhecimento de documentos digitalmente);
• 2 – Lei Paritária de Transmissão de Cidadania – Proposta legislativa para conceder aos filhos de mãe italiana, nascidos antes de 1948 o direito do reconhecimento espontâneo de suas cidadanias italianas;
• 3 – Apoio a medidas de melhoria do atendimento consular + Criação do Guichê de Ouvidoria, com canal de telefone e dia dedicado ao atendimento presencial e preferencial (dado que os membros da faixa de terceira idade têm dificuldade com plataformas digitais);
• 4 – Instituição, nos consulados, da fila preferencial de idosos (60+) para atendimento direcionado e presencial (SPID, FAST IT e etc), bem como gestantes, cadeirantes, demais portadores de necessidades especiais (Auditiva, fono, neurologica, visual, locomotora e etc);
• 5 – Questão Trentina – retomada da Lei 379/2000 prevendo a reabertura com prazo indeterminado, para que os trentinos possam reconhecer sua cidadania italiana;
6 – Migração de retorno fomentando a ida de jovens ítalo-descendentes para a movimentação da economia italiana, pois há falta mão de obra jovem e poderá ajudar os descendentes com a experiência do “primeiro emprego” com vivência da língua em busca de proficiência;
• 7 – Projeto de Subsídios para empresas patrocinarem eventos de tradições italianas pelo mundo. Plano de direcionamento do valor do patrocínio com incentivos fiscais de empresas italianas patrocinadoras, no subsídio do estado;
8 – Promover acordos para diminuir a burocracia em relação ao reconhecimento pela Itália dos estudos realizados pelo italiano no exterior – VALIDAÇÃO de DIPLOMAS;
• 9- Facilitar o reconhecimento da cidadania e transcrição de documentos nos comunes (rede inter integrada dos Comunes, funcionando plenamente) – a exemplo do que acontece nas eleições, pois não chegam o ‘nulla osta’ a tempo da votação para centenas de eleitores;
• 10 – Facilitar o intercâmbio estudantil bilateral entre países da América do sul e Itália – “Projeto Merica, Merica, Merica”. – jovens preparados para mercado de trabalho levando conhecimento adquirido na Itália para o Brasil (aprendizado de línguas, gastronomia, tecnologia, ciências, design, arquitetura, engenharia, medicina, restauração, artes, entre outros);
• 11 – Fomento ao Ensino Técnico:
Graduação e reconhecimento de diplomas, em especial para áreas chave do desenvolvimento econômico e social, como medicina, enfermagem e laboratorial; engenheiras/os; tecnólogos; cuidadores.
Pós-graduação: Dupla titulação, fomento à pesquisa e à indústria.
• 12 – Proposição legislativa para reformar a taxa de 300 euros da cidadania, a fim de que ela retorne integralmente ao consulado que a arrecadou e direcionamento dos recursos para medidas que combatam a fila da cidadania. Do contrário, se não for possível pediremos a revogação da taxa;
• 13 – Apoio a acordos que visem solucionar os problemas de bitributação entre Brasil e Itália;
• 14- Rede de integração entre Comissão dos presidentes dos Comites – Comitati degli italiani all’estero e das associações italianas para captar e endereçar os problemas dos italianos pela América do Sul como canal de comunicação com o parlamento italiano.