“É hora de fé, força e espírito positivo”, diz o advogado Cristiano Girardello, ao se referir à expectativa diante do que ele próprio definiu de o “Julgamento do Século”: a aguardada decisão da Corte Suprema di Cassazione sobre a tese da Grande Naturalização brasileira e renúncia tácita da cidadania originária levantada pela ‘Avvocatura dello Stato’ para negar a cidadania italiana ‘iure sanguinis’ a milhares de ítalo-descendentes.
Como pelo menos um terço dos ítalo-descendentes no Brasil (calculados em torno de pelo menos 10 milhões de pessoas) que seriam atingidos pela tese, o advogado aguarda com ansiedade a decisão das “Sessões Unidas” que iniciam hoje o julgamento de dois recursos interpostos pela Advocacia do Estado italiano em nome dos Ministérios do Interior e das Relações Internacionais.
Estudioso da matéria e tendo produzido extensas pesquisas publicadas pela revista Insieme sobre o assunto, ao lado de colegas brasileiros e italianos sobre a matéria, Girardello revela na tele-entrevista que acompanha esta matéria que praticamente toda sua família está, também, dependente do julgamento de amanhã. Inúmeras outras decisões foram adiadas à espera do “julgamento do século”.
Embora, como lembra, “de bolsa de mulher e cabeça de juiz nunca se sabe o que pode sair”, Girardello confia numa decisão confirmatória das inúmeras decisões de primeiro grau, colocando fim à polêmica procrastinatória do governo italiano, através do Ministério dos Interior e Exterior, levada a efeito nos dois últimos anos. Baseado numa dessas sentenças em julgamento amanhã, o governo italiano orientou todas as prefeituras e consulados a ‘engavetarem’ processos de pedidos de reconhecimento da cidadania por direito de sangue de ítalo-descendentes que eventualmente tenham chegado no Brasil antes do nascer do governo republicano, que através de decretos considerou todos os imigrantes aqui residentes naturalizados brasileiros.
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Na tele-entrevista, Girardello se atém especialmente sobre o julgamento da Corte di Cassazione de Nápoles, de 1907, que passou a ser interpretada de forma equivocada e maliciosa por parte da ‘Avvocatura’, para embasamento de uma tese cujo único objetivo é restringir o direito à cidadania ‘iure sanguinis’ a milhares de ítalo-descendentes. A decisão de hoje (o acórdão poderá demorar um pouco para sair) deverá ter reflexos importantes na forma de julgar das duas primeiras instâncias da Justiça italiana. Confira a entrevista do advogado Cristiano Girardello.