Conhecido em todo o Brasil por suas atividades como delegado do Coni – Comitê Olímpico Nacional Italiano, o napolitano de nascimento Alfredo Apicella se inflama quando é questionado sobre o que pensa a respeito das manobras da Advocacia do Estado italiano com sua tese que insiste em negar a cidadania ‘iure sanguinis’ devido à chamada Grande Naturalização brasileira. “Se isso é verdade, – diz ele levantando até a voz – é uma grande discriminação, uma forma muito séria de discriminação dos italianos com seu próprio sangue, com seus irmãos, com as nossas origens, é a renegação de nossa própria história”. “Tirar ou negar um direito de sangue é uma proposta indecente”, repete ele.
Apicella, que integra o atual conselho do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ da circunscrição consulado do Rio de Janeiro (engloba também o vizinho Estado do Espírito Santo), é o cabeça da chapa ‘Giustizia e Libertà’ que, ao lado de ‘Italianitá in Movimento’, disputa as eleições para a renovação da entidade. O processo eleitoral em curso será concluído no dia 3 de dezembro próximo, mas somente poderão votar por correspondência os cidadãos italianos que se inscreverem junto aos consulados para as estas eleições até o próximo dia 3 de novembro.
Durante a vídeo-entrevista concedida a Insieme, Apicella fala ora em português, ora em italiano, ao passar seu recado e descrever em linhas gerais quais serão suas metas “caso seja eleito”. Na verdade, como ele diz, um trabalho em continuação, que pretende melhorar e ampliar as atividades do Comites sem deixar de reconhecer os grandes esforços até aqui desenvolvidos por conselhos anteriores.
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Língua e cultura italiana, segundo ele, são metas permanentes, e “não se pode discriminar os ítalo-descendentes sequer por não saberem falar a língua italiana”. Ele fala em organizar “um Comites mais dinâmico”, que interaja com mais vigor com a comunidade. Segundo ele, os Comites têm, sim, que se preocupar com a representação da grande comunidade de italianos que ainda não foram formalmente reconhecidos.
Segundo o candidato, os Comites não podem ser norteados pela dialética partidária e devem se constituir em elos de ligação entre as autoridades institucionais e a comunidade. Ao longo de sua entrevista, ele analisa também as exigências burocráticas neste processo eleitoral. “A forma como [a eleição] está sendo feita é muito cansativa”, diz ele.