Roldi cobra ação dos parlamentares na questão da Grande Naturalização. “Problema político tem que ser resolvido através da ação política”

Um problema político tem que ser resolvido através da ação política, mas “até aqui não vi nenhum de nossos parlamentares tomar posição sobre o tema”, constata Thiago Vicente Roldi, ítalo-capixaba vereador em Santa Teresa, no Espírito Santo, ao falar sobre a tese da Grande Naturalização brasileira, levantada pela ‘Avvocatura dello Stato’ italiano. Ele espera que os “nossos parlamentares façam o que tem que ser feito, que é tratar do problema lá na fonte”.

Roldi é ‘capolista’ de ‘Italianità in movimento’– uma das duas chapas (a outra é ‘Giustizia e Libertà) que concorrem às eleições do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ da circunscrição do Rio de Janeiro, que engloba também o Estado do Espírito Santo. Para ele, os Comites “precisam se envolver” numa estratégia vigorosa que tente neutralizar a orientação que os Ministérios do Interior e das Relações Exteriores da Itália estão dando a municípios e consulados no sentido de sobrestar os pedidos de reconhecimento da cidadania italiana ‘iure sanguinis’ a requerentes que se enquadrem na tese da Grande Naturalização.

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Candidato ao Parlamento italiano nas últimas eleições italianas, Roldi encabeça uma chapa formada exclusivamente por cidadãos do Espírito Santo (“100% Capixaba”). Segundo ele explica, é uma tentativa de pelo menos equilibrar em números o próximo conselho de representação das comunidades italianas, mais numerosas no ES que no Estado sede do Consulado, que é o RJ. Nesse sentido recebeu o pleno apoio da chapa denominada “Unione degli Italiani e Trentini”, que era encabeçada por José Renato Margon, de Vitória, mas que foi impugnada por descumprimento de alguns quesitos burocráticos.

Ao analisar a atuação da representação da grande comunidade ítalo-brasileira perante as instituições italianas, Roldi não poupa críticas principalmente contra os parlamentares, fazendo exceção, entretanto, ao senador ítalo-argentino Ricardo Merlo que por duas vezes visitou seu Estado e foi decisivo, na condição de subsecretário da Farnesina para os italianos no mundo, nas demarches para a instalação daquela que será a futura ‘Agenzia Consolare’ do Espírito Santo (hoje funcionando como um “sportello”).

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“Queremos ser ouvidos”, afirma ele ao narrar as dificuldades que significa o distanciamento geográfico entre a atual sede do consulado e os cidadãos ítalo-capixabas. Por mais que a autoridade consular se esforce para bem atender, há sempre a necessidade de deslocamento e um Estado cuja sociedade é formada com o mais alto percentual de italianos em todo o Brasil, merece mais atenção da Itália. Como exemplo ele cita que, para um simples agendamento consular, “às vezes o cidadão tem que ficar tentando ligar mais de 200 vezes”. “Esse mecanismo não funciona”, sentencia.

Na vídeo-entrevista, o candidato critica também as exigência burocráticas para estas eleições dos Comites, principalmente a chamada “inversão de opção”, um mecanismo que obriga aos já eleitores italianos no exterior realizarem nova inscrição específica para o exercício do voto. O prazo para essa inscrição termina no próximo dia 3 de novembro, e o processo eleitoral será concluído dia 3 de dezembro. “Os tempos foram muito curtos”, observa ele, inclusive agora para eventual ação jurídica que permitisse uma urna fixa nas sedes consulares para a coleta do voto daqueles eventuais eleitores que não solicitaram o envio do envelope eleitoral para suas residências. Confira a entrevista.