Envolver a comunidade italiana da mais extensa jurisdição brasileira através de um projeto de ações divididas em áreas temáticas, esta a proposta de trabalho da chapa “Italiani in Brasile – Giustizia e Libertà nel Mondo’ do Distrito Federal, segundo o advogado Frederico Tojal Cianni. A chapa, encabeçada por Cianni, é uma das duas que concorrem às eleições do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ que, além de Brasília, engloba os Estados de Goiás Tocantins, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará e, de quebra, os residentes no Estado do Suriname.

Para ele, os Comites devem ser “as pontas de lança das comunidades italianas” e precisam estar atentos aos serviços prestados a essas comunidades, sejam elas formadas por italianos formalmente reconhecidos ou por cidadãos que ainda não obtiveram esse reconhecimento mas descendem de imigrantes italianos. Devido à imensidão territorial que abrange, o Comites do DF enfrenta problemas particulares que merecem atenção muito especial.

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Existe pessoas que, segundo ele narra, para chegar à capital Manaus, precisam enfrentar viagem de seis dias de barco pelo rio Amazonas. Entretanto, Segundo Cianni, o universo de cidadãos italianos em toda a área está na casa dos 19 mil. As comissões temáticas imaginadas pela chapa procurarão motivar a italianidade através da gastronomia, educação, língua italiana e outras, a partir da especialidade de cada integrante do futuro conselho para que não fique “concentrada nos dirigentes do Comites”.

Como nas demais regiões do Brasil, todos os esforços dos últimos dias foram concentrados na motivação dos cidadãos italianos a realizar a inscrição que os habilite ao voto. O prazo termina em dois dias (03/11). O processo eleitoral por correspondência será encerrado no dia 3 de dezembro próximo.

Problemas consulares em Brasília? O cartorário Cianni conta a história de uma filha de italiano que veio do Amapá até a sede da Embaixada (onde também funciona o consulado) para fazer o seu passaporte. Quando chegou da longa viagem, o porteiro informou que o prédio estava sendo dedetizado e que ela deveria voltar outro dia. “Procurei ajudá-la”, disse Cianni, pedindo “que pelo menos ela pudesse voltar com outro agendamento já feito”. É isso, segundo ele, que o Comites precisa fazer.

Há casos, segundo o candidato, de pessoas esperando na fila do passaporte por longos dois, três anos. “Se o cidadão italiano espera tanto tempo para obter um passaporte, imagina então o que ocorre com cidadãos que pedem o reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue”, raciocina Cianni. Uma das reivindicações já postas será a reimplantação dos escritórios consulares em cidades distantes, seja na forma de vice-consulados ou consulados honorários.

Na vídeo-entrevista que concedeu à Revista Insieme, dentro da série de entrevistas com todas as chapas concorrentes do Brasil nestas eleições para a renovação dos Comites, o candidato Cianni observou também que outra reivindicação é a “separação institucional” dos serviços consulares daquela que é a representação diplomática da Embaixada da Itália em Brasília.

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A chapa que Cianni encabeça, segundo ele, não é, “como dizem”, a repetição do conselho atual. “Apenas quatro candidatos da chapa atual concorrem, incluindo aí o meu nome”. “Então a chapa é de renovação, diz ele ao admitir que “inicialmente” surgiram problemas de registro mas que “tudo acabou sendo superado”.

O candidato Cianni analisa os problemas decorrentes da multifacetada realidade em que vivem os italianos na jurisdição consular de Brasília, bastante diversa daquela de comunidades mais ao Sul do Brasil ou, mesmo, da própria comunidade de Goiás, “que é mais associada”.

Ele também falou na entrevista do obstrucionismo consular e sobre a ressuscitada tese da GN – Grande Naturalização brasileira, levantada pela ‘Avvocatura dello Stato’ italiano, como óbice ao reconhecimento da cidadania ‘iure sanguinis’ de todos os imigrantes que chegaram no Brasil antes do final do ano de 1889.

Para Cianni, as Supremas Cortes de qualquer país votam também politicamente e, então, sendo a tese da GN também de natureza politica, “está na hora de a gente se mexer, não podemos ficar parados, temos que cobrar, exigir, que haja manifestação política” de nossos representantes no sentido contrário das recentes decisões jurídicas de segundo grau que acataram a tese. Ouça a entrevista em que Cianni se diz confiante nos resultados eleitorais.